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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Mademoiselle Hyde (2019)


Era a Lara Fabian cantando Mademoiselle Hyde sentada na calçada em frente ao Kremlin, cercada pelas águas do Rio Moscou. Começava ali a canção, enquanto a dama “carrasca” saia do belo palácio ao mesmo tempo em que a limusine a esperava. Seu olhar frio parecia morto, mas era calculista. O fogo de seu batom, o vestido vermelho e a sofisticação do traje tinham licença para matar.


Enquanto isso, ele caminhava pelo Parque Zaryadye com seu sobretudo preto levemente coberto de neve e com seu termo por baixo, segurando seu copo de McCafé. Começou a andar pela calçada do Kremlin, enquanto a kill lady estava no banco de couro da Mercedes, cercada por duas seguranças que ignorava veementemente enquanto retocava os últimos detalhes da maquiagem. O que ela tinha de vaidosa também tinha de primorosa em sua mira. 


Quando aquela limusine parou na frente dele, a vítima da desilusão já sabia do que se tratava, mesmo assim apenas parou e olhou no horizonte, de onde se via Lara Fabian cantando majestosamente naquele traje elegante de inverno, com direito a sobretudo marrom e boina preta. Aquela Джулия, que não era a do A'Studio, desceu do carro numa velocidade que se mostrava deveras determinada, como se tivesse esquecido que usava salto, e rapidamente apontou sua pistola para a cabeça dele. O homem continuava imóvel. 


Num brusco movimento de tentar roubar a arma via-se um looping infinito digno de filme, em que os braços dos personagens rodavam na mesma direção num jogo de soma zero, que não parecia ter fim. Nem por isso ele se dava ao trabalho de olhar pra ela, a sua indiferença bastava pra tentar roubar aquela arma, enquanto a dama desejava ser fatale em todos os sentidos. Looping infinito que guarda-costas nenhum e circunstância nenhuma se atreviam a interromper. Deixe que a neve faça seu trabalho e seja impiedosa com a falsa dama siberiana.

 

Lara Fabian - Mademoiselle Hyde