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domingo, 9 de agosto de 2020

O ciclo de minha existência aos olhos da musa inspiradora (2019)

         O ciclo de minha existência aos olhos da musa inspiradora se iniciou naquele ambiente de sofisticação e intensas trocas de olhares. A elegância nos fitava e acendia a chama do idealizar. No dia seguinte, eis que a dama reaparece e me cumprimenta diplomaticamente. Minha vestimenta não era digna de sua admirável atenção ao meu ser poético, mas ver seu sorriso inaugurado e guiado a mim no day after de momentos tão glamourosos que vivemos juntos. As conversas no carro tão naturais, a Faria Lima estava à nossa altura. Que orquestra tão charmosa que carrega em ti, ну какая красивая!!! Aquelas notas que adornam sua beleza conseguem resgatar o adormecido mundo do “fantástico romântico” e fazer a conexão com nosso mundo real. E assim age o sentimento dentro de nosso coração, inverte a ordem natural, construída em nossa expectativa. Quem visa atrair será atraído. O coração estará capturado. Se essa catarse é "servir a quem vence, o vencedor", esse jogo assim já está ditado pelo destino.


                Soprano Турецкого - Посмотри, какая красивая


A K... russa (2019)

           Ouvir os acordes de Vida é Arte e me ver tocando as mesmas notas no violão, do centro da Moscow City futurista, sentado no concreto gelado com a K... russa me olhando era contemplar a harmonia de um lindo sonho. Talvez a K... russa fosse apenas ela em sua terra mãe. Mas se eu não sei onde fica aquele lugar, se eu não sei tocar violão e se eu não sei onde ela e sua pureza estão, essa imaginação esvai-se assim no final da canção, ao abrir dos olhos, a partir da pílula da realidade. Pretendo ainda te olhar como a primeira vez! Como era bela aquela sua essência! Como tudo isso fora reproduzido tão fielmente oito anos depois? Queria eu sentir tal leveza novamente e mesmo na pílula da realidade não ver um céu tão cinzento e clima tão positivista. Desilusões levam ao mundo de Equilibrium e imagens como essa são um respiro da resistência de uma voz que mesmo do subsolo ecoa para destruir a indiferença do sistema.


Jorge Vercillo - Vida é Arte


domingo, 2 de agosto de 2020

L'amour et pour tout le monde (2019)

A chegada da musa e czarina, filha da matriarca russa e regada pelo palor do inverno volta na sua estação do ano mais natural. Mas ela ainda está no caminho para casa. A espera parece interminável e o tempo não quer passar para logo trazer a sua ventura, e assim adornar o meu espírito. A sua presença tão ilustre, delicada e harmoniosa a ser esperada durante tantos meses ainda não está a aparecer ou a ser sentida no coração do poeta. 

A profecia reluta em não ser cumprida, mas o destino dela será concretizado, bem como a companhia de quem dedicou os versos e frases de quem colheu inspiração tão rica esse semestre para justas e honrosas homenagens à czarina. A agonia só cessará sob sua presença. Olho para o céu e vejo em cada avião a sua presença real, naquele voo, vendo a grandiosidade do que está a esperá-la em cada prédio encolhido que enxerga pela janela. Sei se não está nas Aerolíneas, esta se reserva ao seu futuro acadêmico e lá estarei se for preciso e enquanto puder. 

Não haverá chama que se acenda por afinidades e química e que nos encontros seja apagada pelo tempo e espaço! Olhei para o voo da Qatar, só Deus sabe se você estava lá ou não. Sei que merecia pelo status de czarina e assim já estaria aqui, entre nós, trazendo a alma para o poeta que a anseava e a paz para seu espírito. Mas não tenho outra escolha e assim estarei mais uma noite distante da musa inspiradora, em que ela sobrevoa as frias águas internacionais, enquanto eu dou sobrevida à idealização que ainda aquece e mantém a chama que nenhuma corrente daquelas que você viu lá de cima pode apagar. 

Durmo com sua figura angelical de Afrodite elevada pelo mundo russo-português, mas espero ver-la logo com sua figura humana, sem códigos binários que a simulem. Quero a sua naturalidade, sua presença, nela sentirei minha alma que carrega contigo. Sentir suas emoções, vivências, experiências, dramas e alegrias é reviver parte de mim que eu havia deixado na Rússia e não acreditava que era possível de ser recuperada tão cedo. 

Não tema seu futuro e o que será vivido. Não tema a distância mais futura. Enquanto a intensidade alimentar nossos corações não haverá temor e a chama sobreviverá e a levaremos para todo lugar, assim como cantava Leonora: L'amour et pour tout le monde. Que Deus abra meus olhos amanhã a partir da mensagem da czarina e abençoe nosso caminho. Me liberte da maldição da musa à distância.


Leonora Jepsen - Love Is Forever



            Andrea Bocelli - Por Una Cabeza


O dia da Rússia e o holograma poético (2019)


    A apresentação do Dia da Rússia começou com nostalgia. Há um ano eu estava chegando em São Paulo, vindo da viagem da minha vida. As músicas do coral e dos cantores solos colocavam ao fundo meus momentos na terra eslava. As lágrimas insistiram em não cair, apesar da catarse que se apresentava. Era uma bela simulação da Rússia, os trajes, o idioma, a pujança, mas não era o território e o seu aroma, como na despedida tão lacrimejante.
    Eis que o ambiente se animou com a entrada da Balalaika. Eram os amigos da czarina que dançavam alegremente com sua coreografia que chamava o público para sua cultura inclusiva. Meus olhos procuravam-na inconscientemente mas não a encontravam. Eram russófilos talentosos que disseminavam sua linda cultura para o público apreciador da mais refinada e folclórica arte. Os cossacos brasileiros andavam pela platéia, as moças exalavam o charme e a feminilidade que a imperatriz russa tanto havia utilizado em suas coreografias, apaixonando as diversas plateias que a assistiam. Depois entram outros grupos. Dança folclórica, balé clássico, balé contemporâneo... A minha procura continua... Tão irracional!
    No grupo do coral russo uma moça ao centro se assemelhava à ela em alguns traços. Era uma perigosa ilusão de ótica. Parecia até que meus olhos a desenhavam na minha frente criando-me uma matrix confortável de se viver e se admirar. Era a musa como cantora lírica com seu vestido vermelho de brilhantes, coberto por outro tecido de seda e um sapato preto. Swarovski nos brilhantes? Vivara nas jóias? Schultz no sapato? Channel naquele batom vermelho que simulava sua delicadeza de rosa? Tudo isso estava a sua altura e a matrix recriava fielmente essa realidade. Ela sozinha no palco, acompanhada por uma pianista, enquanto eu na primeira classe dava meu sorriso mais sincero para apoiá-la, o que acalentava nossos corações.
    Mas, ну, тааа... Где Ю...? Это не Ю...! É uma ilusão do meu idealizar. Os meus olhos da caverna viam a G..., mas minha mente repetia: Não é a G...! Não é a G...! Não é a G...! Insistentemente repetia o que deveria ser uma verdade absoluta, mas que por um momento era contestada. A vontade que meu coração desejava em vê-la ali como uma artista, com nossas almas conectadas pelas trocas de olhares era tão intensa que isso criou a figura de uma falsa musa a me confundir. Essa vontade elaborou a matrix que de tão linda e perfeita tem de ilusória e frágil, como os pequenos cristais do seu vestido ilusório de uma apresentação ilusória. Assim os poemas e textos são criados. Assim a saudade se metaforiza num momento. Assim a arte se faz. Assim minhas emoções se fazem mais humanas. Nobre czarina da Federação Russa, me traga a minha alma de Moscou em uma semana por obséquio e assim eu verei a verdade e a tua me libertará. Entregue-a a mim e direi a ti: мой сердце? Вот так!


Fotos da Apresentação em Homenagem ao Dia da Rússia no Teatro São Pedro - 30/06/2019