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sábado, 24 de dezembro de 2022

Top 3 - Músicas que marcaram o início da minha jornada literária - Parte II

 Pessoal, é com grande satisfação que fecho o ano de 2022 com esse post sobre o meu top 3 (parte 2) de músicas que marcaram o início da minha jornada literária. Fase que vivi dos 14 aos 17 anos, sendo que as canções apresentadas aqui foram de fundamental importância na construção do meu imaginário e assim firmaram os alicerces tanto da narrativa em prosa como das diversas poesias que escrevi à época.

Para quem não pode acompanhar a parte I dessa lista, deixo aqui abaixo o link. Naquela ocasião, escrevi um pouco sobre Christopher Cross, Giorgia & Eros Ramazzotti e Emmelie de Forest, quatro artistas de diferentes períodos e países.

https://poesiaeromantismo.blogspot.com/2022/09/top-3-musicas-que-marcaram-o-inicio-da.html

Dessa forma, a proposta desse post também se encaminha nesse sentido e aqui trarei um pouco da carreira e das músicas escolhidas de Eric Clapton, Agnetha Fältskog (ABBA) e Rod Stewart. Aqui teremos uma canção dos anos 1990 (época que não inseri nenhuma música na parte I desse tema), e duas músicas da última década, e que estão intensamente conectadas com a minha trajetória literária e de vida.

Obs: Antes de começarmos essa viagem musical, trago um recado importante. O meu livro "Mudança de destino" está com desconto de 20% até o final do ano! Um singelo presente, mas que pode me ajudar e muito a continuar desenvolvendo não só o trabalho aqui no blog, como também trazer novas histórias por aqui e novos livros publicados! Aproveitem e boas festas!

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  • Eric Clapton - Change the World
O guitarrista inglês, Eric Clapton, de incríveis 77 anos, dispensa apresentações e se consolidou ao longo de várias décadas como uma referência no blues mundial. Ainda nos anos 1960, Clapton já tinha seu nome consolidado pela crítica e pelos fãs, após passar por bandas como The Roosters, Yardbirds, John Mayall & the Bluesbreakers e Cream, ainda que ao final daquela década a presença de Jimi Hendrix (EUA) em solo inglês, possa ter colocado Eric Clapton em segundo plano.

Os anos 1970 e 1980 foram marcados na carreira do guitarrista por diversas brigas com alguns integrantes da Cream e problemas com drogas e alcoolismo. Além disso, companheiros de profissão como o próprio Jimi Hendrix e Duanne Allman dos The Allman Brothers, contribuiram ainda mais para o triste estado de espírito que se encontrada Clapton no período em questão.

Mas foram os anos 1990 que trouxeram Clapton novamente à glória, com um prêmio Grammy em 1993, com MTV Unplugged e o álbum From The Cadle, com sucessos dos blues, além de Retail Therapy, e parcerias com Santana e B.B. King. Na mesma década, Clapton conheceu sua esposa Melia McEnery com quem possui três filhos.

A canção Change the World, lançada em 1996, alcançou o 19º lugar na Billboard Hot 100 daquele ano, bem como foi premiada como canção do ano pelo Grammy Award. A música em si tem uma letra fortemente marcada pelo caráter romântico, como uma declaração de amor. Mas enxergando a canção com os "olhos de um adolescente" e não somente pelo idealismo "dessa fase" de querer "mudar o mundo", mas principalmente porque a expressão "change the world" frequentemente é associada aos movimentos de ativismo ambiental, e quem conhece a minha trajetória acadêmica à epoca e principalmente da pessoa que eu nutria forte interesse, ou mesmo que se aventurou em alguns versos da minha poesia escrita à época, certamente entenderá a associação e o símbolo do título dessa canção.

Obs: Recomendo tanto aos fãs de blues, como os de Eric Clapton e aos que gostarem dessa música, a clicarem no link abaixo, onde deixarei a vocês uma versão interpretada pela cantora brasileira Blubell, ótima revelação brasileira (e sucesso de crítica) no blues há pelo menos dez anos, e que naquele período também tinha o costume de ouvir por diversas vezes no rádio.


Abaixo o vídeo da canção!



  • Agnetha Fältskog - When You Really Loved Someone
A cantora sueca, Agnetha Fältskog (72 anos), certamente colocou o nome no hall da fama dos maiores artistas da história da música junto à banda ABBA, pelo estrondoso sucesso na Europa, após a vitória no Eurovision em 1974, com a música Waterloo. Ainda assim, a cantora tinha uma carreira "dupla", pois ao mesmo tempo, também lançava músicas em sua trajetória solo, iniciada ainda nos anos 1960, na Suécia e Alemanha.

Quem quiser saber mais sobre o Eurovision e como funciona esse concurso musical entre países europeus, segue link abaixo de um post no meu blog sobre o tema:


No início dos anos 1980, após a separação de Agnetha e Björn, bem como a de Benny e Frida (todos estes integrantes do ABBA) e após realizarem diversas turnês, inclusive nos Estados Unidos, o grupo resolveu encerrar as atividades em 1982 e cada um de seus integrantes optou em seguir caminhos diferentes. Ainda naquela década, Agnetha gravou seus primeiros álbuns em língua inglesa e após o lançamento de um álbum de estilo infantil (Kom Folj Med I Vår Karusell), em 1987, com o filho Christian Ulvaeus, à época com 10 anos, decidiu se retirar do mercado musical e da mídia por longos anos, reaparecendo somente em 2004 com o lançamento de um novo álbum (My Colouring Book). A cantora sueca também marcou presença publicamente na estreia do musical Mamma Mia! em 2005 e do filme também com o mesmo tema, em 2008.

Mesmo assim, os fãs da cantora sueca precisaram novamente aguentar uma longa espera de oito anos, para o lançamento de um novo álbum em 2013, intuitulado "A". Além de apresentar um dueto com Gary Barlow, Agnetha também marcou presença em programas da televisão britânica, o que também a ajudou a alavancar a canção "When You Really Loved Someone", no top 10 britânico e de mais oito países como Alemanha e Austrália, por exemplo, além de render quatro discos de ouro.

A música em si, trata sobre a dificuldade de "desapegar" em relação à uma pessoa amada que fez parte da trajetória de vida da pessoa e como essa pessoa, além de ser naturalmente única, também a ausência dela pode trazer importantes mudanças de vida, sendo os versos um convite da compositora à deixar tal sofrimento no passado e reorganizar a vida para o futuro. Ainda que o sentido completo da canção não se aplique necessariamente àquele período da minha vida pessoal, a intensidade pela qual o sentimento é apresentado na música pode ser facilmente vinculada ao grau de emoções pelo qual estamos expostos em nosso período adolescente.  



  • Rod Stewart - It's Over
Não podemos deixar de apresentar brevemente Rod Stewart, ainda que novamente se trata de um cantor que dispensa apresentações, famoso e consagrado em diversos países, por sucessos alcançados especialmente entre os anos 1970 e 1980, inicialmente no Reino Unidos e Europa e posteriormente nos EUA e demais países.

Nos anos 1960, Rod esteve envolvido em diversas atividades, desde jogador de futebol, até pintor de impressão à tela, e também participou de protestos em favor do desarmamento nuclear. À época participou de algumas bandas locais, até gravar seu primeiro àlbum solo em 1969 (An Old Raincoat Won't Ever Let You Down), além de ter se juntado à banda The Faces, por onde se consolidou por entre o público estadonidense. Já em 1974, o cantor optou por seguir somente a carreira solo e no ano seguinte se mudou para os EUA devido ao romance com a atriz Britt Ekland. Já em 1978, atingiu o auge de sua carreira com o single "Da Ya Think I'm Sexy?", que não só chegou ao primeiro lugar na Billboard, como vendeu mais de quatro milhões de cópias e em 2004 foi incluido no top 500 melhores canções da revista Rolling Stone.

Os anos 1980 foram de algumas conquistas notáveis para o cantor britânico, ainda que em menor proporção do que na década anterior. "Baby Jane" (1983), por exemplo, foi o último single a alcançar o topo das paradas britânicas, e "Downtown Train" (1989) conseguiu o segundo lugar nos Estados Unidos. Mesmo assim, os shows da turnê de Rod pela América Latina acumularam diversos estádios lotados em países como México, Argentina e Brasil (100 mil pessoas no Rock in Rio (1985) e impressionantes 3,5 milhões na praia de Copacabana em 1994, transformando-se pelo Guinness Book no maior show de rock gratuito da história).

Após uma passagem musical muito discreta no restante dos anos 1990, em termos de novos trabalhos musicais, os anos 2000 marcaram para Rod Stewart o início e a consolidação do projeto de gravação de "songbooks", ou seja, álbuns que reuniam grandes sucessos na história musical regravados pelo cantor britânico. Além disso, não posso deixar de mencionar a participação de Rod no concerto em homenagem ao "Jubileu de Ouro da Rainha Elizabeth II" em 2002. No mesmo ano, seu trabalho musical atingiu 100 milhões de discos vendidos em toda a carreira até aquele momento.

Já na década seguinte, enquanto 2011 e 2012 foram marcados por canções voltadas à temática natalina, em 2013, o álbum "Time" trouxe o artista novamente para o rock romântico, possibilitando ao cantor voltar para o topo das paradas de sucesso britânicas, após mais de 30 anos sem atingir tal feito. Para falar desse álbum, ainda que brevemente, preciso revelar que tempos depois em que o mesmo foi lançado, lembro-me de ter dado-o de presente para a minha mãe no aniversário dela. Certamente um cantor também muito querido por ela e que após tantas décadas voltava a tocar nas rádios frequentemente com novos sucessos, tal como ela estava acostumava a ouví-lo nos anos 1970 e 1980, em 2013 tanto com "Time" (a música que dá nome ao álbum), como "It's Over". A música em si inicia-se com um lindo coral de igreja que logo dá a sensação de uma melodia a falar sobre esperança em relação aos novos tempos que virão. Apesar disso, a letra de "It's Over" traz um eu lírico buscando entender o porquê de um casamento ter se encerrado e como o casal chegou à tal sofrimento em que eles se encontram perdidos diante de planos desfeitos e incrédulos de a situação ter sido encaminhada na direção errada.

Evidente que não posso aplicar 100% da mensagem original da canção às minhas experiências vividas no meu período adolescente. Nesse caso, o ponto central pode ser associado à um relacionamento embuído de fortes esperanças de êxito, mas que o tempo e os erros humanos o levaram à um caminho diferente e "It's Over" nos mostra que apesar de às vezes nos sentirmos perdidos, sem entender porque nossas vidas tomam um rumo específico, precisamos enfrentar o cisma, quando ele existe e é inevitável ou quando lutamos e não conseguimos evitá-lo. Assim, para mim em especial, a canção passa uma ideia que vai além do rompimento em si e está aliada aos acordes eclesiásticos, nos fazendo refletir sobre o fim de um ciclo para o início de outro ciclo e que precisamos estar preparados para essas mudanças em nossas vidas.

E assim encerramos o ciclo de 2022 do blog "Poesia e Romantismo". Boas festas e voltamos em 2023 com mais conteúdos sobre música, literatura, cinema, pintura, e tantas outras formas de arte conectadas à trazer tanto a diversidade em expressões artísticas como pelas diversas matizes do multiculturalismo que tanto enriquecem nossa experiência de vida!

Obs: Aqui também aproveito para fazer uma menção honrosa ao excelente álbum Soulbook (2009), em especial à música My Cherie Amour, um grande sucesso de Stevie Wonder regravado por Rod Stewart naquele ano. Posso garantir que essa é uma das músicas que toda vez que ouço, sinto a essência da minha adolescência automaticamente em meus pensamentos, como um livro em que as cenas se desenvolvem naturalmente em nossa mente. 






domingo, 23 de outubro de 2022

As notas de Jazz

As notas de jazz começam com Ella Fitzgerald, não mais em Paris com Caro Emerald, mas ainda era a mesma Dream a Little Dream of Me que embalava na primorosa cena. Aquela dama de têxtil que fazia a moda também estava no divã divagando sobre a vida com um cálice de vinho nas mãos, curiosamente com um vestido da mesma cor e um tradicional sapato preto. Lembro-me de que disse à ela que aquela cena poderia ser eternizada e que tal harmonia e calmaria nunca poderia ser cessada. O conjunto da beleza europeia dela com o jazz anos 50 dos EUA era uma belíssima união em prol da arte.

Em Smoke Gets In Your Eyes não era mais a nova versão de Bovy e sim os The Platters e um novo filme que se iniciava na minha mente. Cenas filmadas em preto e branco, enquanto saia com a dama de Capitol Hill (espero que nossa presença ali não tenha sido como a do casal espião de The Americans) e entrávamos em um típico Plymouth dos anos 50 preto com um motorista particular que nos esperava ali.

Aquele Deep State já não parecia mais tão ameaçador enquanto estava acompanhado pelos traços doces e seu olhar misterioso como a arte francesa, num verde suave como as colinas dos vinhos franceses. Mas ainda estávamos no Plymouth em Washington DC, enquanto a formosa senhorita ajeitava seu discreto chapéu branco, que carregava pequenas flores também brancas ao centro, retocava sua maquiagem, enquanto Elvis e Love me Tender embalavam nossos olhares quando estávamos de mãos dadas, nas quais as suas delicadas estavam cobertas por uma luva branca de seda. O gradiente rosa do seu pequeno casaco e da saia infelizmente não eram captados pela câmera da época, somente sua roupa branca e sapatos pretos eram fielmente retratados na tonalidade real dentro da cena. Também o piano de Ray Charles era uma perfeita harmonia nas trocas de cenas entre o nosso divagar no divã e imersão nos anos 1950. Víamos a Casa Branca e seu longo jardim pela janela... Nada nos preocupava ali, apenas tirávamos fotos e apreciavamos sua arquitetura.

Lembro-me de seu sorriso enigmático, diplomático, sempre no mesmo tom e que sequer a canção de Nat King Cole era capaz de alterar. Mas era sim um semblante tranquilo, contido, porém de uma pessoa que estava profundamente satisfeita com o que tinha conseguido. Assim como eu parecia que ela pensava nos momentos que viriam após chegarmos em nossa casa na Virgínia, mais próxima de DC do que Richmond, dançando suavemente Cheek to Cheek ao centro da sala até que chegássemos em nossos tempos atuais para assim enchermos mais uma taça de vinho e continuarmos juntos nossa jornada artística.

Mas as insistentes regras e convenções da cinzenta realidade insistem em fugir dos tempos harmoniosos.



Fonte: Pinterest


domingo, 25 de setembro de 2022

Top 3 - Músicas que marcaram o início da minha jornada literária

No post deste mês no blog 'Poesia e Romantismo', a partir da votação dos seguidores no Instagram que me ajudaram a escolher o tema de setembro, irei comentar e analisar brevemente três músicas que foram fundamentais no início da minha caminhada pessoal dentro da literatura, em 2013. Tais canções passaram a habitar o meu imaginário e produção cultural a partir de um hábito diário que eu tinha que era o de ouvir as emissoras de rádio (de conteúdo de notícias ou musical) em vários períodos do dia, entre os intervalos das aulas no período matutino e vespertino (pois estudava as disciplinas do Ensino Médio e ao mesmo tempo cursava o técnico em Administração) e até mesmo a noite, antes de dormir.

Apesar de atualmente não consumir mais as rádios como naquela época, pelo advento das plataformas de streaming musical, o meu hábito de não só ouvir a música em si, mas analisar, me identificar e sentir gatilhos para a produção literária acontecem até hoje e são simplesmente inseparáveis da minha trajetória pessoal.

Assim como muitos tem o costume de associar determinada música ou playlist a um determinado período da vida e se o gosto musical muitas vezes pode ser guiado pelo humor e inspiração de cada um, no meu caso também não seria diferente, e em muitas situações da vida real (ou não), estas encontraram em um conjuntos de musicas, as notas e o conteúdo necessário para o desenvolvimento, especialmente em poesias e textos mais curtos, como ensaios, mas também em romances, como é o caso do meu primeiro livro 'Mudança de Destino' e a canção 'Memory of the future' dos Pet Shop Boys. Se você tiver interesse em saber mais sobre esse livro, deixo a seguir o link da Amazon com a sinopse do mesmo.

Link de compra do livro 'Mudança de destino'

Para esse top 3 musical, decidi separar três canções com propostas, países, cantores e descobertas a partir de programas musicais diferentes. Em cada uma delas, comentarei resumidamente em qual contexto descobri a música, como fui tocado pessoalmente por cada uma (na construção de pontes entre os acontecimentos da vida real e aqueles de ordem literária), além de contar um pouco da mensagem da própria canção e o que ela representou naquele período dentro do universo musical.


  • I Will (Take You Forever) - Christopher Cross
A primeira música que trago a vocês por aqui, é datada de 1988, produzida por um cantor nascido em San Antonio, Texas, EUA. Christopher Cross lançou seu primeiro álbum em 1979 e no início dos anos 80 se tornou um importante ícone musical das canções românticas em novelas, filmes e até mesmo o tema para os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 - A Chance for Heaven. Infelizmente assim como a ascenção musical fora meteórica, com prêmios musicais como Grammys e músicas tendo participado Top 100 dos EUA, e também liderado o ranking por algumas semanas, após 1984 o cantor texano nunca mais alcançou o mesmo sucesso de antes. Nos anos 1990, Christopher até lançou algumas canções que fizeram parte das paradas de sucesso na Alemanha, mas após esse período, as músicsa do cantor texano nunca mais estiveram presentes no ranking das mais tocadas entre os principais mercados musicais pelo mundo. Menção honrosa também para o álbum 'Doctor Faith', lançado em 2011 e que esteve na posição 48 no ranking dos álbuns de maior sucesso na Alemanha.

A música que trago por aqui, fora lançada em tempos que já não eram mais de auge por parte de Christopher Cross, mas que muitos e muitos anos depois marcou presença frequente no programa de rádio "Dancing in the Night Away" (especializado nos sucessos dos anos 70, 80 e 90), da Rádio USP, que costumava passar no período noturno todos os dias (com exceção de domingo), geralmente começando por volta das 23 horas, aproxidamamente. I Will (Take You Forever), do álbum Back on My Mind, fora lançada em 1988 e sua posição mais relevante nas paradas de sucesso foi o 41º lugar no ranking Adult Contemporary da revista Billboard nos EUA. A música foi produzida em um dueto com a jovem cantora Frances Ruffelle, que em 1994 representou o Reino Unido, seu país natal, no concurso musical Eurovision, terminando naquela edição em décimo lugar (mais a frente voltaremos a comentar sobre essa importante competição musical por aqui). 

O clipe fora gravado quando Christopher tinha cerca de 37 anos e Frances estava na casa dos 23 anos, sendo que ela no ano anterior já havia ganhado notoriedade no meio artístico dos EUA, tendo recebido o Tony Award pelo destaque em apresentações da Broadway, com destaque também para participações  em créditos de filmes e seriados dos anos 1980. Apesar disso, o primeiro álbum solo da cantora inglesa só apareceu em 1994 (Fragile) e o primeiro single anos antes, em 1986 - 'He's My Hero'. 

A letra em si traz a temática amorosa a partir de um homem que brincava com os seus sentimentos nos envolvimentos amorosos que teve no decorrer de sua vida, até que este encontra uma jovem moça que tinha fortes restrições em demonstrar o que sentia, pois não confiava em ninguém, dando a entender que havia sido muito machucada em suas experiências amorosas passadas. Mas a partir do encontro do sentimnto de ambos, a canção dá a ideia de um envolvimento tão forte, a ponto de ser considerado eterno, verdadeiro e fraterno (Now my touch belongs to you and I will always be your best friend).

Abaixo vocês podem conferir o clipe de Christopher Cross e Frances Ruffelle.


  • Inevitabile - Giorgia e Eros Ramazzotti
Neste tópico, estaremos tratando de dois gigantes da música italiana, e até por isso não entrarei em detalhes sobre a extensa carreira de ambos os cantores, apenas irei destacar alguns momentos de destaque, traçando resumidamente a trajetória deles.

A cantora Giorgia Todrani foi lançada no mercado musical italiano, como de costume pelo Festival de Sanremo (1994) que também viabilizou a carreira de estrelas como Laura Pausini, e teve forte ascenção no mercado musical daquele país e já no início dos anos 2000 apareceu em duetos com artistas consagrados no cenário internacional como Ray Charles, Lionel Ritchie e Michael McDonald, tendo em 2003 com a música 'Gocce di Memoria' alcançado o primeiro lugar das paradas italianas e em 2005 recebido o prêmio de melhor artista italiana pela MTV pelo sucesso da música em questão.

À essa altura Eros Ramazzotti já carregava consigo 20 anos de carreira, mas foi de fato nos anos 1990 que o cantor italiano teve sua projeção internacional alcançada, tendo participado de festivais com grandes ícones mundiais como Rod Stewart, Joe Cocker, Elton John, dentre outros. Também teve destaque em seu dueto com Tina Turner na canção 'Cose Delle Vita' (1997), tendo ganhado prêmios e discos de platina no mercado europeu.

Anos depois, em 2011, Giorgia lançou seu oitavo álbum 'Dietro le apparenze', a qual estava inclusa a música 'Inevitabile' (o foco deste tópico), em parceria com Eros Ramazzotti, sendo que este era sucesso consolidado em países como Alemanha, França, Suíça, Suécia, Holanda, parte do leste europeu e países latinoamericanos, devido a parcerias com artistas de língua espanhola desde Santana até Rick Martins. Ainda durante a década passada, Giorgia protagonizou outros duetos notáveis com Jovanotti (Tu mi porti su), Alicia Keys (I Will Pray (Pregherò)) e uma regravação de È l'amore che conta com a cantora ucraniana Ani Lorak, o que abriu as portas do mercado musical do leste europeu para a cantora italiana. Enquanto isso, Eros Ramazotti em seu álbum 'Noi' (2012), realizou parcerias com personalidades como Il Volo, Hooverphonic e Nicole Scherzinger, sendo que em 2018 também gravou com Luis Fonsi, dentro do álbum 'Vita ce n'è'. Outra observação importante sobre a carreira de Eros é a de que o cantor italiano frequentemente costuma se apresentar no Brasil, sendo este o caso agora em 2022, com apresentações em São Paulo e Ribeirão Preto.

Graças a rádio Antena 1 e seu foco no mercado europeu, selecionando boa parte das músicas que estão nas paradas de sucesso naquele continente, (com foco em especial no mercado italiano, já que a rádio também possui sede em Roma), é que pude adentrar de vez em sucessos consagrados pelo público europeu (conhecendo alguns deles, inclusive por influência indireta do Eurovision), mas também daquilo que era tendência na Itália, dentro do estilo pop romântico que era frequentemente priorizado na programação da emissora. Assim, surgiu dentro do meu imaginário pessoal e das emoções que vivi na adolescência, especialmente entre 2012 e 2014, a canção 'Inevitabile', como sendo a principal letra de música em língua italiana que me influenciou no período, na qual além de me sentir inserido, também ajudou a trazer reflexões e parâmetros, ajudando assim a moldar minha produção literária naquele período. A canção ao mesmo tempo que tenta explicar e definir o amor em sua grandiosidade e complexidade (L'amore poi cos'è, dammi una definizione), também descrevia o quão ardente, intenso e intrépido este poderia ser, o que encontrava eco naquele forte e caracteristico sentimento adolescente.

A seguir, o clipe da harmoniosa canção italiana, uma das mais bonitas produzidas na última década, em minha humilde opinião. 



  • Only Teardrops - Emmelie de Forest
Por último, e ainda no universo europeu observado e trazido pela Antena 1, vamos para a Dinamarca, para uma cantora que iniciava justamente em 2013 a sua (ainda recente) carreira musical, à epoca com apenas 20 anos. Emmelie Charlotte-Victoria de Forest, nasceu em Randers, Dinamarca, no ano de 1993 (um ano antes de Giorgia ter aparecido no Festival de Sanremo pela primeira vez ou de Frances Ruffelle ter representado o Reino Unido no Eurovision). Durante a adolescência, já realizava apresentações em pequenos festivais locais, tendo iniciado sua carreira artística aos nove anos, até que teve a oportunidade de se apresentar em 2013, no Dansk Melodi Grand Prix, festival nacional dinamarquês, cujo vencedor teria a oportunidade de representar o país no Eurovision Song Contest. De Forest, lançou o álbum "Only Teardrops" uma semana antes de participar do festival europeu e em sua primeira apresentação pela semi-final do concurso, a cantora dinamarquesa se classificou para a final como uma das principais sensações, sendo fortemente cotada pelas casas de apostas para vencer o concurso, o que veio a acontecer ao atingir os 281 pontos. Vale lembrar que a vitória no Eurovision no ano anterior havia sido de Loreen com Euphoria, um estrondoso sucesso nas paradas de sucesso europeias em 2012.

De Forest teve desempenho um pouco mais discreto nas paradas de sucesso da Europa (primeiro lugar na Dinamarca, Finlândia, Grécia, Islândia, e Suécia), mas ainda sim, era uma notável sensação naquele ano e inevitavelmente fez parte da lista das '100+ Antena 1' de 2013 (na 18ª posição no ano, com pico de 2º lugar em junho), ano pelo qual o espectador da rádio ítalo-brasileira certamente haveria de escutar por diversas oportunidades o sucesso 'Only Teardrops'. É importante também ressalvar que até então eu não tinha conhecimento sobre o Eurovision Song Contest, cuja primeira edição que assisti de fato foi a realizada em 2015. Para quem tiver interesse em saber mais sobre o principal concurso europeu de canções, deixarei abaixo o link de um post também deste blog, onde explico um pouco mais sobre a dinâmica do festival, focando especialmente nas participações portuguesas dos últimos anos.


A canção 'Only Teardrops', no meu entendimento, além de possuir alguns versos (na primeira estrofe) que mais lembram a descrição de um cenário digno de um poema, também aborda a dubiedade do amor e o quanto este sentimento trabalha por meio de antíteses como ganhar e perder, simplicidade e dificuldade. Apesar disso, a complexidade da letra é baixa, na qual os refrões são repetidos muitas vezes (provavelmente visando que a música se tornasse amplamente comercial). Por isso, destaco a própria melodia como sendo a maior originalidade da canção (especialmente nos sons de flauta), fazendo jus ao cenário conectado à natureza durante o clipe, trazendo um ar bucólico e levemente místico, fortemente característico e consagrado pela literatura em obras como 'Marília de Dirceu', de Tomás Antônio Gonzaga. 




sábado, 27 de agosto de 2022

Resenha - The History of the World in Bite-Sized Chunks

Antes de iniciar essa breve resenha do livro "The History of the World in Bite-Sized Chunks" de Emma Marriott, preciso contar-lhes um pouco de como eu adquiri esse livro, o primeiro de língua inglesa para minha coleção particular.

Para os mais detalhistas que observaram o verso do livro talvez já tenham percebido que comprei a obra no Reino Unido, mais exatamente em Londres, em junho de 2018. Naquela ocasião, eu estava em uma escala de cerca de 15 horas de duração na capital britânica, vindo de um voo da British Airlines que se iniciou em São Paulo, tendo depois como destino Moscou, também em um voo da mesma companhia aérea. 

O livro já estava em sua segunda edição (2016), e fora aquirido enquanto eu passava por uma livraria local, com o intuito principal de realizar uma parada para descansar, dada a intensa caminhada que eu havia feito por alguns dos principais pontos turísticos da cidade até aquele momento (início da tarde), sendo que me lembro de ter pisado em solo britânico aproxidamente às 7h da manhã.

Para quem estiver mais interessado em saber como era o ambiente da livraria e a localização, deixo a seguir ambas as informações: Waterstones, 203/206 Piccadilly. O valor do livro em si eu me lembro que não fora um grande problema devido à cotação da Libra na época que era aproxidamente de 5 reais, ou seja, a obra literária em si custou um pouco mais de 40 reais, sem contabilizar o valor do IOF.

Indo para a descrição do livro em si, posso dizer que o livro de Emma Marriott, publicado pela editora Michael O'Mara Books Limited, é bem conciso e direto ao narrar os principais acontecimentos históricos desde as antigas civilizações e impérios até o período da segunda guerra mundial. Posso dizer que é o livro perfeito para quem gosta de história, mas não tem paciência para ler milhares de páginas sobre o assunto, ou que deseja revisitar aquilo que aprendeu nos tempos escolares, e até mesmo para aprender muita coisa nova e é nesse sentido que o livro se destaca.

Sabemos que o ensino de história nas escolas brasileiras, em geral é focado na trajetória brasileira, europeia e das Américas (especialmente antigas civilizações), com algumas pinceladas de Ásia (antigas civilizações e séculos 19 e 20) e quase nenhum conteúdo sobre África e Oceania. Por isso, afirmo com toda a segurança que a obra de Marriott trata com o devido espaço temas desde os mais conhecidos como as civilizações da Suméria, Mesopotâmia, antigo Egito até assuntos não abordados nas escolas brasileiras, como por exemplo, as descobertas, colonizações e emancipações dos povos de Austrália, Nova Zelândia, Taiti, dentre outros.

Todo esse conteúdo é tratado por não mais do que duas páginas cada um deles, o que certamente trará ao leitor aquele gosto de "quero mais" ao se interessar por um assunto em específico ou até mesmo sentir falta daquela abordagem voltada à história brasileira, tão aprofundada em temas do Brasil Império e da República. Ainda sim, é possível observar trechos da história brasileira inseridos na obra, junto à outros eventos históricos relacionados aos demais países da América do Sul. 

Ao leitor que desejar se aprofundar em algum tema específico do livro, a autora disponibilizou no final uma seção de Bibliografia com mais de 12 referências focadas na história mundial ou em temas específicos.

Em suma, recomendo fortemente a obra para os amantes de história, aos entusiastas pelo mundo, aos curiosos por aprenderem novos temas dentro desse campo do conhecimento e também aos praticantes da língua inglesa, a obra The History of the World in Bite-Sized Chunks de Emma Marriott. 

Abaixo seguem algumas fotos da edição que possuo comigo, um pouco desgastada em termos de coloração das páginas, após cinco anos de compra e que finalmente pude realizar a leitura no início desse segundo semestre de 2022. Lembrando que atualmente o livro pode ser encontrado na Amazon (ou Estante Virtual) por valores de 20 reais no Kindle em Ebook até 70 reais em capa comum.


Fotos do livro








sábado, 30 de julho de 2022

Mudança de destino - Introdução

Venho por meio deste post reproduzir um trecho da introdução do meu primeiro livro publicado, "Mudança de destino", que traz a síntese do processo de criação literária e atualização constante da obra nos últimos anos, até que a mesma estivesse pronta para ser publicada, em julho deste mês de 2022.

Agradeço novamente à todos que adquiriram o livro e se permitiram envolver-se em um romance escrito na adolescência, com alguns aspectos futuristas, além da busca por uma nova aventura que permitisse aos protagonistas reescrever as suas trajetórias no passado para viverem uma nova realidade no futuro, unidos à essência jovial do livro, ora cômica, ora comovente.

Também deixo o meu agradecimento à todos que divulgaram e ajudaram a espalhar esse enredo para frente para que este possa atingir mais pessoas!

Futuramente mais novidades literárias virão e estou muito ansioso para torná-las realidade, mas também ansioso com o feedback que quero muito receber dos leitores do "Mudança de destino". Prometo que essa é apenas a primeira de muitas aventuras literárias e conto com vocês para seguirmos juntos nessa trilha da produção artística. Que esta possa nos provocar, instigar, nos fazer refletir e até evoluir como ser humano. Afinal, são as nossas referências culturais que constroem o nosso imaginário e nos inspiram cada vez mais no processo criativo em nosso dia-a-dia.

Muito obrigado pelo carinho e apoio! Boa leitura!


                                                                    Introdução


Caro leitor, é por meio desse enredo que iniciamos um romance que tem, por um lado, a pretensão de trazer toda a carga emocional, com a sua respectiva insegurança, intensidade e inocência, advindas do período adolescente, e por outro prisma observar os avanços tecnológicos ao longo dos anos e discutir o impacto deles no desenvolvimento humano e as possibilidades que se abriam (ou fechavam) com algumas ferramentas digitais.

 

Se por um lado é inegável considerarmos que nesse importante período de formação do ser humano, ainda não estamos preparados para tomar algumas decisões características da fase adulta, por outro também considero como um período em que somos mais sonhadores, criativos e até destemidos e inconsequentes em certo sentido.

 

Foi esse período da minha vida, por exemplo, que me proporcionou escrever a maior parte da obra literária que carrego comigo até hoje. Ou seja, muitos romances e poemas se tornaram realidade entre os meus 15 e 18 anos, sendo que temos que considerar também que se trata de um período ainda com poucas responsabilidades típicas da vida adulta, e assim pude contar com a presença de mais tempo livre para a execução dos projetos literários.

 

Também é verdade que ao olharmos para esse passado, talvez não tão distante, nos colocaremos incrédulos quanto às opiniões e posicionamentos que tínhamos quando éramos mais jovens. Essa situação me gerou, confesso, um enorme desafio na formatação e correção gramatical de ‘Mudança de Destino’, afinal se queremos trazer nosso vocabulário e bagagem para cada linha do enredo, também não podemos perder a essência da obra original.

 

Ao longo dos últimos anos, presenciamos com o avanço de elementos tecnológicos (uma das discussões desse romance), a popularização do ebook e a democratização do mercado editorial, cenário esse que permite a um autor independente publicar suas obras literárias, sem a interferência ou intermediação de terceiros, o que também entendo possui os respectivos prós e contras.

 

Mas foi em 2013, mais especificamente em julho, quando o mercado editorial ainda estava restrito à publicações de livros físicos no Brasil, e mais condicionado a escolha das editoras, que o embrião desse romance e por consequência sua primeira versão se tornaram realidade. Mas naquele período, disponibilizei a versão digital (e física) da obra presente para poucas pessoas do meu círculo próximo de amigos e familiares. Era uma época, na qual a ideia de publicar o ‘Mudança de Destino’ ainda parecia distante, visto não somente o cenário do mercado editorial, como também a minha visão pessoal sobre o tema, ou seja, a opinião de que a literatura era uma forma de se obter o subterfúgio das dores do mundo, além de ser um hobby em si. Por isso, a publicação desse e de outros livros não era o objetivo final desse passo-a-passo literário e sim a finalização do enredo por si mesmo.

 

Dois anos depois, realizei uma segunda revisão no livro, algo como uma “segunda edição não publicada” do mesmo, e também busquei usá-lo para produzir uma versão da obra em inglês e espanhol, algo que me ajudou profundamente a partir de 2017, ano que considero o ponto de partida para o surgimento das minhas primeiras amizades advindas de outros países.

 

Mas foi agora, em 2022, em um período na minha vida que considero como sendo “entre ciclos”, que se formou o melhor momento para a publicação do livro ‘Mudança de Destino’. Com o avanço do mercado editorial nos meios tecnológicos, como comentei anteriormente, a democratização dos meios de publicação, e a consolidação do meu outro projeto pessoal literário, o blog ‘poesiaeromantismo.blogspot.com’ (que completou em maio deste ano dois anos de existência), é que pude entender o contexto atual e finalmente perceber que estava apto para dar esse importante passo nessa caminhada literária e na minha trajetória de vida.

 

            Após a contextualização de como o romance foi criado, sua evolução e as transformações ocorridas nesse período, espero que eventuais dúvidas e curiosidades do leitor possam ter sido sanadas, para que agora estando preparados possamos mergulhar na narrativa em questão.

(...)



domingo, 26 de junho de 2022

Três crônicas diplomáticas - parte III

Caros leitores. Para a última parte da série "Três crônicas diplomáticas" optei por selecionar uma crônica escrita em 2019 que faz parte da minha coletânea de textos elaborados entre aquele ano até 2021 e que envolve crônicas, reflexões, ensaios e demais escritos que cobrem desde o período pré-pandemia, até as transformações que a mesma provocou na minha rotina tanto pessoal como de criação literária.

Essa crônica também possui uma intertextualidade muito forte com as músicas do cantor canadense Michael Bublé (e um toque de Simply Red e Caro Emerald), o qual eu iria participar de um show em novembro de 2020 e que acabou sendo adiado por duas vezes, tendo a previsão de acontecer em novembro deste ano. 

Bublé se notabilizou por trazer ao mercado músical do século XXI a essência de grandes nomes do jazz como Frank Sinatra, além de emplacar canções próprias que transitam entre o romântico, o pop e o próprio jazz, compilando assim o que é considerado vintage com tendências modernas, tal como outros artistas que considero fundamentais na minha vivência artística, como é o caso da cantora holandesa Caro Emerald.

Assim sendo, sejam bem-vindos para mais um enredo de criação literária, escrito a partir de um período onde a rotina caótica de participar da aulas e atividades universitárias no turno matutino e noturno, trabalhar no turno vespertino, além de elaborar o TCC, em alguns momentos contrastava com textos como esse, que considero como suave e harmonioso, especialmente para um tempo como aquele.

 

My (idealization) way

 

Era mais uma festa dada pelo embaixador para os convidados, a maioria deles artistas e alguns intelectuais que se reuniam em um imponente salão todo cercado por peças de porcelana em mesas da melhor madeira ao nível de Jacarandá e todo o resto era o mais nobre mármore possível. O chão brilhava ao ponto de que era possível observar o reflexo dos convidados ali. O banquete ainda seria servido em cerca de meia hora e por enquanto a autoridade diplomática se encarregava por meio de seus funcionários de servir aos convidados bons champagnes de Reims e vinhos de Bordeaux, mas os últimos estavam guardados especialmente para o jantar que ainda não havia sido revelado. Por fora uma agradável espera com conversas de variedades ou pitadas de barganha política e comercial, mas a alma de um deles em especial estava angustiada. 

 

A festa apesar de promovida pelo embaixador, estava a acontecer no tal palácio alugado pelo segundo-secretário (o número 4 na hierarquia que tinha por volta de uns 30 anos). Era a alma deste que vagava pelo salão na procura do seu complemento, no vinho o sangue e no segundo andar a vida. Lá estava sua esposa a se arrumar enquanto o diplomata brasileiro continuava a conversar como se a preocupação não lhe tivesse dominado, mas seus olhares para a pujante escadaria também de mármore, por onde a dama iria descer eram indiscretos, a tal ponto de seu interlocutor ter de “disputar atenção” com a "apreensão" pessoal dele. 

 

A gravata borboleta era constantemente arrumada como uma forma de dissipar a sua preocupação sem sucesso, afinal a reunião informal já estava a acontecer e sua amada ainda não havia descido do quarto e, portanto, não fora apresentada aos demais convidados. Eram segundos intermináveis de um "I can't wait a moment more, tell me quando quando quando" de uma melodia ambiente refinada guiada por saxofones e na alma por uma confusão sentimental do diplomata. Era uma tormenta tal que trocas de números e capitais eram frequentemente feitas. O farol que guiava o diplomata no mar mediterrâneo ainda não havia aparecido. "God only knows what I feel without you" era o que o refletia isoladamente. Mas era no quarto que aquela moça era banhada de graça, tão jovial e feminina a fazer inveja às demais nereidas. 

 

A Ninfa pintava as suas cores e dava ainda mais vida aos seus traços delicados, tais mostrados ao espelho como uma obra de arte. Após as pinceladas da maquiagem, o longo vestido vermelho de seda não apenas era a continuação das pétalas dos seus lábios como a morada de suas curvas tão formosas e o elo para a sua sandália da mesma cor que ela ali calçava, e logo depois viria o seu andar mais leve e confiante que você pode imaginar. Então ela fechou os olhos por um momento antes de sair do quarto para a última mensagem de sua mother goddess:

 

"Close your eyes

Let me tell you all the reasons why

You’re never going to have to cry

Because you’re one of a kind". 

 

Então, ela de forma plena saiu da Arcádia eslava para o mundo terreno e ao abrir esse portal começou a descer as escadas tocando aquele tapete vermelho e dourado como a voz dos antigos trovadores tocavam o coração de suas amadas, de forma refinada, segura e trazendo a luz consigo. "A noite é de festa e ela veste o luar". Aquela luz que todos sentiam a presença e logo olharam para ver de onde vinha. Era a sua primeira vez ali, mas aquele glamour lhe cabia tão bem.

 

"Take a look

Beyond the moon

You see the stars.

And when you look around

You know the room by heart".

 

No mundo real alguns segundos dividiram os passos daquela dama de seu marido, mas na mente do diplomata era tal êxtase e magia daquele momento que ambos estavam elevados no mundo das memórias guiadas por tantas trilhas especiais.

 

"You're lovely, with your smile so warm

And your cheeks so soft,

There is nothing for me but to love you,

And the way you look tonight." 

 

Ele a olhava com o semblante tão entregue à plenitude dela que era como se "A new flame has come". Eram segundos que se eternizariam em suas vidas, cujas almas estavam completamente adornadas muito acima da pureza daquele mármore que os cercavam. 

 

"Unforgettable, mm that's what you are

Unforgettable though near or far

Like a song of love that clings to me

Mm how the thought of you does things to me

Never before has someone been more mm".

 

Estavam juntos há tanto tempo, mas a sinfonia do violino daquela música que tomou aquele rapaz apaixonado quando se conheceram, continuava alegremente a adorná-lo como da primeira vez.

 

"When I give my heart

It will be completely

Or I'll never give my heart

And the moment I can feel that

You feel that way too

Is when I'll fall in love

With you".

 

Todos nos olhavam e logo sabiam o que éramos, tal a nossa conexão de olhares a almas entrelaçadas. O homem de negócios que conversava com o diplomata então o perguntou: 

 

- Vejo que está a se sentir completo agora. 

 

"I feel wonderful tonight

I feel wonderful because I see

The love light in your eyes

And the wonder of it all

Is that you just don't realize how much I love you". 

 

A dama russo-italiana se aproxima cada vez mais de seu amado, seduzindo-o consciente e inconscientemente. Para os que estavam do lado de fora desse filme íntimo entre as almas parecia que uma "Bond girl" estava a ficar cada vez mais próxima com todo o charme e elegância:

 

"Birds flying high

You know how I feel

Sun in the sky

You know how I feel

Reeds driftin' on by

You know how I feel

It's a new dawn

It's a new day

It's a new life

For me

And I'm feeling good

I'm feeling good"

 

Após o suave toque do cravo em sua rosa tão preciosa, o casal enfim estava pronto para dançar e concretizar finalmente aquela idealização frente ao mundo dos homens. Como dizem "The best is yet to come". O vestido escarlate, o palor da tez tão fina e o olhar esmeraldino que ela trazia eram as cores de sua terra natal que carregava consigo, apesar da beleza vinda das sagradas terras eslavas. A plenitude e a conexão entre eles permitiam que ambos dançassem romântica ou alegremente sem nunca perderem o tom e o passo correto, apesar dos toques de sua amada ainda arrepiarem aquele diplomata como no primeiro encontro, era como se ela cantasse ("In just one dance, I'll make your dreams come true"). 

 

"Never know how much I love you

Never know how much I care

When you put your arms around me

I get a fever that's so hard to bear." 

 

Em "You'll never find another love like mine", "Come fly to me", "Everything", "Dream a little dream" as faces coladas e um clima de "Put Your Head On My Shoulder" ouviam cada acorde e frase daquelas canções a se encaixarem perfeitamente nos momentos que viveram juntos ou mesmo para descrever a pessoa amada. 

 

"And in this crazy life

And through these crazy times

It's you, it's you

You make me sing

You're every line

You're every word

You're everything". 

 

As lembranças do diplomata de suas escalas sempre malucas em Londres e de sua amada do intercâmbio que ela havia feito na cidade parecia uni-los no mesmo cenário em "A foggy day (in London Town)".

 

Nas canções mais alegres como "Haven't Met You Yet", "How Sweet It Is", e principalmente em "It Had Better Be Tonight" os protocolos mais formais eram deixados de lado, mas sem que o casal perdesse a classe. Era apenas o sangue italiano da filha de Vênus falando mais alto. 

 

"Meglio stasera

Baby go go go

Or as we natives say

"Fa subito!"

If you're ever gonna kiss me

It had better be tonight

While the mandolins are playing

And stars are bright

If you've anything to tell me

It had better be tonight".

 

Em "Sway" ambos pareciam bailarinos latinos guiados por uma banda local que estava presente na frequência daqueles alto-falantes. 

 

"When marimba rhythms start to play

Hold me close, make me sway

Like an ocean hugs the shore

Hold me close, sway me more"

 

Nas canções mais sessentistas os calcanhares balançavam incansavelmente entre uma dose e outra de Champagne. E assim foram tão animados e descontraídos para aquele pomposo banquete oferecido pelo embaixador. Na volta ao salão a última música para que os corações apaixonados e as almas ungidas por aquele sentimento tão puro, sincero e humano de Afrodite, possam guardar na infinitude de suas memórias tudo aquilo que fora vivido. Era a última música que faria a cisão entre aquela realidade de progresso, sofisticação e sentimentalismo almejados com os últimos minutos de idealização do aspirante a diplomata, cujas lágrimas de sua nova realidade ainda seriam sentidas um dia no coração de sua musa inspiradora. Platônica pelo espírito de poeta, real pelas afinidades concedidas com a graça de Deus. Não façamos mais uma cerimônia para lutar contra o tempo, o que tiver de se encerrar que feneça e façamos deste fim o começo de um caminho. 

 

"Since you gotta go, oh, you'd better go now

(Go now, go now) go now

Before you see me cry"

 

Agora vão! Dancem e cantem como se fosse a última música de suas vidas e não derramem as lágrimas que o фантазёр não irá conter ao voltar para o mundo real de tanta incompreensão. A distorção daquele mundo na mente do poeta um dia será corrigida pela psicóloga que fará dessas conexões transcendentes um único caminho de harmonia para que vivamos no futuro o que tem de ser vivido. ("Only you can hear my soul").

 

"I can only give you love that lasts forever, 

And a promise to be near each time you call. 

And the only heart I own 

For you and you alone 

That's all, 

That's all..."