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domingo, 25 de setembro de 2022

Top 3 - Músicas que marcaram o início da minha jornada literária

No post deste mês no blog 'Poesia e Romantismo', a partir da votação dos seguidores no Instagram que me ajudaram a escolher o tema de setembro, irei comentar e analisar brevemente três músicas que foram fundamentais no início da minha caminhada pessoal dentro da literatura, em 2013. Tais canções passaram a habitar o meu imaginário e produção cultural a partir de um hábito diário que eu tinha que era o de ouvir as emissoras de rádio (de conteúdo de notícias ou musical) em vários períodos do dia, entre os intervalos das aulas no período matutino e vespertino (pois estudava as disciplinas do Ensino Médio e ao mesmo tempo cursava o técnico em Administração) e até mesmo a noite, antes de dormir.

Apesar de atualmente não consumir mais as rádios como naquela época, pelo advento das plataformas de streaming musical, o meu hábito de não só ouvir a música em si, mas analisar, me identificar e sentir gatilhos para a produção literária acontecem até hoje e são simplesmente inseparáveis da minha trajetória pessoal.

Assim como muitos tem o costume de associar determinada música ou playlist a um determinado período da vida e se o gosto musical muitas vezes pode ser guiado pelo humor e inspiração de cada um, no meu caso também não seria diferente, e em muitas situações da vida real (ou não), estas encontraram em um conjuntos de musicas, as notas e o conteúdo necessário para o desenvolvimento, especialmente em poesias e textos mais curtos, como ensaios, mas também em romances, como é o caso do meu primeiro livro 'Mudança de Destino' e a canção 'Memory of the future' dos Pet Shop Boys. Se você tiver interesse em saber mais sobre esse livro, deixo a seguir o link da Amazon com a sinopse do mesmo.

Link de compra do livro 'Mudança de destino'

Para esse top 3 musical, decidi separar três canções com propostas, países, cantores e descobertas a partir de programas musicais diferentes. Em cada uma delas, comentarei resumidamente em qual contexto descobri a música, como fui tocado pessoalmente por cada uma (na construção de pontes entre os acontecimentos da vida real e aqueles de ordem literária), além de contar um pouco da mensagem da própria canção e o que ela representou naquele período dentro do universo musical.


  • I Will (Take You Forever) - Christopher Cross
A primeira música que trago a vocês por aqui, é datada de 1988, produzida por um cantor nascido em San Antonio, Texas, EUA. Christopher Cross lançou seu primeiro álbum em 1979 e no início dos anos 80 se tornou um importante ícone musical das canções românticas em novelas, filmes e até mesmo o tema para os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 - A Chance for Heaven. Infelizmente assim como a ascenção musical fora meteórica, com prêmios musicais como Grammys e músicas tendo participado Top 100 dos EUA, e também liderado o ranking por algumas semanas, após 1984 o cantor texano nunca mais alcançou o mesmo sucesso de antes. Nos anos 1990, Christopher até lançou algumas canções que fizeram parte das paradas de sucesso na Alemanha, mas após esse período, as músicsa do cantor texano nunca mais estiveram presentes no ranking das mais tocadas entre os principais mercados musicais pelo mundo. Menção honrosa também para o álbum 'Doctor Faith', lançado em 2011 e que esteve na posição 48 no ranking dos álbuns de maior sucesso na Alemanha.

A música que trago por aqui, fora lançada em tempos que já não eram mais de auge por parte de Christopher Cross, mas que muitos e muitos anos depois marcou presença frequente no programa de rádio "Dancing in the Night Away" (especializado nos sucessos dos anos 70, 80 e 90), da Rádio USP, que costumava passar no período noturno todos os dias (com exceção de domingo), geralmente começando por volta das 23 horas, aproxidamamente. I Will (Take You Forever), do álbum Back on My Mind, fora lançada em 1988 e sua posição mais relevante nas paradas de sucesso foi o 41º lugar no ranking Adult Contemporary da revista Billboard nos EUA. A música foi produzida em um dueto com a jovem cantora Frances Ruffelle, que em 1994 representou o Reino Unido, seu país natal, no concurso musical Eurovision, terminando naquela edição em décimo lugar (mais a frente voltaremos a comentar sobre essa importante competição musical por aqui). 

O clipe fora gravado quando Christopher tinha cerca de 37 anos e Frances estava na casa dos 23 anos, sendo que ela no ano anterior já havia ganhado notoriedade no meio artístico dos EUA, tendo recebido o Tony Award pelo destaque em apresentações da Broadway, com destaque também para participações  em créditos de filmes e seriados dos anos 1980. Apesar disso, o primeiro álbum solo da cantora inglesa só apareceu em 1994 (Fragile) e o primeiro single anos antes, em 1986 - 'He's My Hero'. 

A letra em si traz a temática amorosa a partir de um homem que brincava com os seus sentimentos nos envolvimentos amorosos que teve no decorrer de sua vida, até que este encontra uma jovem moça que tinha fortes restrições em demonstrar o que sentia, pois não confiava em ninguém, dando a entender que havia sido muito machucada em suas experiências amorosas passadas. Mas a partir do encontro do sentimnto de ambos, a canção dá a ideia de um envolvimento tão forte, a ponto de ser considerado eterno, verdadeiro e fraterno (Now my touch belongs to you and I will always be your best friend).

Abaixo vocês podem conferir o clipe de Christopher Cross e Frances Ruffelle.


  • Inevitabile - Giorgia e Eros Ramazzotti
Neste tópico, estaremos tratando de dois gigantes da música italiana, e até por isso não entrarei em detalhes sobre a extensa carreira de ambos os cantores, apenas irei destacar alguns momentos de destaque, traçando resumidamente a trajetória deles.

A cantora Giorgia Todrani foi lançada no mercado musical italiano, como de costume pelo Festival de Sanremo (1994) que também viabilizou a carreira de estrelas como Laura Pausini, e teve forte ascenção no mercado musical daquele país e já no início dos anos 2000 apareceu em duetos com artistas consagrados no cenário internacional como Ray Charles, Lionel Ritchie e Michael McDonald, tendo em 2003 com a música 'Gocce di Memoria' alcançado o primeiro lugar das paradas italianas e em 2005 recebido o prêmio de melhor artista italiana pela MTV pelo sucesso da música em questão.

À essa altura Eros Ramazzotti já carregava consigo 20 anos de carreira, mas foi de fato nos anos 1990 que o cantor italiano teve sua projeção internacional alcançada, tendo participado de festivais com grandes ícones mundiais como Rod Stewart, Joe Cocker, Elton John, dentre outros. Também teve destaque em seu dueto com Tina Turner na canção 'Cose Delle Vita' (1997), tendo ganhado prêmios e discos de platina no mercado europeu.

Anos depois, em 2011, Giorgia lançou seu oitavo álbum 'Dietro le apparenze', a qual estava inclusa a música 'Inevitabile' (o foco deste tópico), em parceria com Eros Ramazzotti, sendo que este era sucesso consolidado em países como Alemanha, França, Suíça, Suécia, Holanda, parte do leste europeu e países latinoamericanos, devido a parcerias com artistas de língua espanhola desde Santana até Rick Martins. Ainda durante a década passada, Giorgia protagonizou outros duetos notáveis com Jovanotti (Tu mi porti su), Alicia Keys (I Will Pray (Pregherò)) e uma regravação de È l'amore che conta com a cantora ucraniana Ani Lorak, o que abriu as portas do mercado musical do leste europeu para a cantora italiana. Enquanto isso, Eros Ramazotti em seu álbum 'Noi' (2012), realizou parcerias com personalidades como Il Volo, Hooverphonic e Nicole Scherzinger, sendo que em 2018 também gravou com Luis Fonsi, dentro do álbum 'Vita ce n'è'. Outra observação importante sobre a carreira de Eros é a de que o cantor italiano frequentemente costuma se apresentar no Brasil, sendo este o caso agora em 2022, com apresentações em São Paulo e Ribeirão Preto.

Graças a rádio Antena 1 e seu foco no mercado europeu, selecionando boa parte das músicas que estão nas paradas de sucesso naquele continente, (com foco em especial no mercado italiano, já que a rádio também possui sede em Roma), é que pude adentrar de vez em sucessos consagrados pelo público europeu (conhecendo alguns deles, inclusive por influência indireta do Eurovision), mas também daquilo que era tendência na Itália, dentro do estilo pop romântico que era frequentemente priorizado na programação da emissora. Assim, surgiu dentro do meu imaginário pessoal e das emoções que vivi na adolescência, especialmente entre 2012 e 2014, a canção 'Inevitabile', como sendo a principal letra de música em língua italiana que me influenciou no período, na qual além de me sentir inserido, também ajudou a trazer reflexões e parâmetros, ajudando assim a moldar minha produção literária naquele período. A canção ao mesmo tempo que tenta explicar e definir o amor em sua grandiosidade e complexidade (L'amore poi cos'è, dammi una definizione), também descrevia o quão ardente, intenso e intrépido este poderia ser, o que encontrava eco naquele forte e caracteristico sentimento adolescente.

A seguir, o clipe da harmoniosa canção italiana, uma das mais bonitas produzidas na última década, em minha humilde opinião. 



  • Only Teardrops - Emmelie de Forest
Por último, e ainda no universo europeu observado e trazido pela Antena 1, vamos para a Dinamarca, para uma cantora que iniciava justamente em 2013 a sua (ainda recente) carreira musical, à epoca com apenas 20 anos. Emmelie Charlotte-Victoria de Forest, nasceu em Randers, Dinamarca, no ano de 1993 (um ano antes de Giorgia ter aparecido no Festival de Sanremo pela primeira vez ou de Frances Ruffelle ter representado o Reino Unido no Eurovision). Durante a adolescência, já realizava apresentações em pequenos festivais locais, tendo iniciado sua carreira artística aos nove anos, até que teve a oportunidade de se apresentar em 2013, no Dansk Melodi Grand Prix, festival nacional dinamarquês, cujo vencedor teria a oportunidade de representar o país no Eurovision Song Contest. De Forest, lançou o álbum "Only Teardrops" uma semana antes de participar do festival europeu e em sua primeira apresentação pela semi-final do concurso, a cantora dinamarquesa se classificou para a final como uma das principais sensações, sendo fortemente cotada pelas casas de apostas para vencer o concurso, o que veio a acontecer ao atingir os 281 pontos. Vale lembrar que a vitória no Eurovision no ano anterior havia sido de Loreen com Euphoria, um estrondoso sucesso nas paradas de sucesso europeias em 2012.

De Forest teve desempenho um pouco mais discreto nas paradas de sucesso da Europa (primeiro lugar na Dinamarca, Finlândia, Grécia, Islândia, e Suécia), mas ainda sim, era uma notável sensação naquele ano e inevitavelmente fez parte da lista das '100+ Antena 1' de 2013 (na 18ª posição no ano, com pico de 2º lugar em junho), ano pelo qual o espectador da rádio ítalo-brasileira certamente haveria de escutar por diversas oportunidades o sucesso 'Only Teardrops'. É importante também ressalvar que até então eu não tinha conhecimento sobre o Eurovision Song Contest, cuja primeira edição que assisti de fato foi a realizada em 2015. Para quem tiver interesse em saber mais sobre o principal concurso europeu de canções, deixarei abaixo o link de um post também deste blog, onde explico um pouco mais sobre a dinâmica do festival, focando especialmente nas participações portuguesas dos últimos anos.


A canção 'Only Teardrops', no meu entendimento, além de possuir alguns versos (na primeira estrofe) que mais lembram a descrição de um cenário digno de um poema, também aborda a dubiedade do amor e o quanto este sentimento trabalha por meio de antíteses como ganhar e perder, simplicidade e dificuldade. Apesar disso, a complexidade da letra é baixa, na qual os refrões são repetidos muitas vezes (provavelmente visando que a música se tornasse amplamente comercial). Por isso, destaco a própria melodia como sendo a maior originalidade da canção (especialmente nos sons de flauta), fazendo jus ao cenário conectado à natureza durante o clipe, trazendo um ar bucólico e levemente místico, fortemente característico e consagrado pela literatura em obras como 'Marília de Dirceu', de Tomás Antônio Gonzaga. 




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