Mais uma aula de literatura russa e os personagens se revelam e fazem paralelo com a ficção. Aparece a primeira moça ao meu lado, aquela do antigo fitar na porta. A segunda com a elegância num blazer e feminilidade em seu lápis preto nos olhos. A terceira cerca o Kremlin de tormenta disfarçada por um novo e forte fitar e seu skyhair. Quando o fardo presencial misturado à imersão pelo conteúdo acaba, Ele sempre coloca mais peças. Na saída, vêm de uma moça com a sofisticação do salto alto e também a elegância de um blazer. As ferramentas sempre são infinitas quando se trata de se levar o poeta a quebrar seu destino pré-definido e tão almejado em nome de um caminho tortuoso e incerto. Afinal é isso que esse ente apresenta com essa bifurcação do futuro. Se o caminho errado é escolhido, o que era oásis ao primeiro olhar irá se transformar em penhasco.
Mas a certeza do meu caminho se fortalece, pois é do futuro almejado que se aguarda as glórias e não de uma deliciosa maçã de perigo invisível. Sou Lermontov e Álvares sim, mas na poesia. Sigo convicções sim, afinal delas é que se alimenta o homem com sua personalidade. Um homem somente questionador é alguém sem personalidade definida e que colocou a sua alma no mercado. Se a minha segue fielmente ao nosso Senhor é porque não quero um exílio no inferno ou no Cáucaso. Deixo a minha rebeldia para meus tempos de adolescência ou para os ultraromânticos que a carregavam como sombra.
O que é a troca de olhares, a elegância, a feminilidade ou a sofisticação, a sedução, o que é tudo isso sem a verdadeira czarina? Se sou cordeiro desse império é porque minha alma não está a venda e meu espírito apenas admira as glórias e conquistas que a história trouxe e coroou na monarca ítalo-brasileira. Ela sim, herdou a cor e a alma dos tempos de glória. Cordeiro sim, mas lobo traidor nunca! A essência do ser humano é o seu melhor cartão de visita e assim procuro me manter!
Dessa forma, minhas poesias e obras ainda respiram, longes e nostálgicas dos "tempos dourados", mas acreditando que a czarina fará a guinada dessa literatura em potencial. Se a sua volta é quase tão esperada quanto o Sebastianismo, este iria levar Portugal aos bons tempos de pujança e grandiosidade. Assim confio que a dama me conduzirá sabiamente, pois está predestinada para tal. O que são esses acontecimentos montados pelo destino se não peças que reluzem, mas são falso ouro. A verdadeira troca de olhares será com ela, no encontro das almas, a verdadeira elegância se fará presente em sua nobreza e a sofisticação no andar de autoridade.
Idealizações, poemas, contos, crônicas, fantasias, fetiches, imaginações e textos como esse são o trailer do filme que virá, cuja estreia é tão aguardada por seus espectadores que são ao mesmo tempo os atores da trama. Seja na classe e glamour de nossa dança ao ar diplomático com Bublé, nos duetos em russo no palco da Universidade moscovita onde estuda, nas baladas e no erotismo de Maruv, na beleza da arte de Jorge Vercillo, na 'europeidade' e charme em Caro Emerald. Todos esses cenários e muitos outros são a representação do que almejamos no futuro, como seres humanos essencialmente sonhadores.
Mas a vida pede mais de mim, mais de nós, muito mais do que o destino pode oferecer com suas armadilhas e diversões finitas. Nada disso é capaz de competir com uma infinitude de sentimentos quando a pessoa certa nutre suas esperanças com cada vez mais confiança. Quando a chama ainda mantém viva os sonhos mais intensos e os versos mais sinceros. Nenhuma banalidade da rotina do dia-a-dia poderá competir com o que virá. Ela continuará a seguir seu caminho moscovita do descobrimento, ao mesmo tempo com a essência de lugar.
Eu, não me ponho pretensioso a dizer que sou para ela um D. Diniz, talvez esteja mais para o lado de um trovador provençal ou galego-português que corteja a sua dama por meio dos versos, moldando-a com pitadas de idealização, mas mantendo no frasco o azedume do mal do século. Honrar a donzela e abrir todos os dias um compromisso com a felicidade e de um futuro de harmonia. Se ao guiá-la em caminhos eslavos, os passos não a negam felicidade, com a sua aguardada chegada imperial estou certo da recíproca.
Novamente reafirmo, não sou um desafeto do destino e todas essas entidades estão acima da complexidade dos humanos, por outro lado, não quero escorregar nos seus jogos e sim prosseguir na filosofia do destino manifesto e das conquistas que estarão ao nosso alcance, para que czarina e poeta os atinjam para crescerem juntos. Se isso é saber amar para Guilherme Arantes, estou disposto a fazer a própria sorte e mérito sem a tutela de outras entidades. Não questiono a predestinação, não sou rebelde, não quero derrubar o império, não vou apostar para contrariar, não vou medir forças. Seguirei sim minhas convicções e Lermontov haverá de reconhecer a sinceridade e dedicação nesses versos românticos. Não sou o "herói do meu mundo" e nem me sujeito a esta carapuça sarcástica. Caso escrito nos tempos atuais sim, os leitores não se identificariam em vez de fingirem tal estranhamento. Mas tal descolamento é assunto para outra digressão…
Nenhum comentário:
Postar um comentário