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domingo, 7 de abril de 2024

Show de Salvador Sobral - 07/04/2024

Caros leitores, ontem durante a belíssima apresentação desse renomado artista chamado Salvador Sobral, tive a ideia de trazer pela primeira vez aqui no blog uma resenha curta sobre o que foi esse show e o que esse artista representa tanto no cenário internacional, como para mim em particular. Posso dizer que foi a segunda vez que o assisti, só que dessa vez "pra valer", já que no passado, no mesmo auditório do Teatro Paulo Autran, confundi o horário do show e pude asistir somente as últimas músicas.

Dessa vez era diferente. Tinha lugar central na terceira fileira do teatro praticamente lotado e um Salvador que surgia não pelo palco, mas sim pela entrada da plateia, descendo escada por escada e interagindo com o público, ato que ele fez durante muitas vezes no mesmo show.

A expectativa era a maior possível, afinal o artista fora anunciado na grande mídia devido ao prestígio internacional que inclui turnês por vários países, decorrentes de um talento que ganhou Portugal e a Europa em 2017 com a maior vitória da história do Eurovision (uma vitória da língua portuguesa também que conquistou o continente naquele ano com "Amar pelos dois"), e que não a toa no ano seguinte proporcionou que Salvador cantasse o grande sucesso dele no Eurovision de 2018, realizado em Lisboa, ao lado de Caetano Veloso.

Se quiserem saber mais sobre o que é o Eurovision e os artistas que se notabilizaram a partir dele, como ABBA, por exemplo, deixo os links do meu blog explicando mais sobre o concurso europeu de música.

https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2022/03/top-3-musicas-portuguesas-no-eurovision.html

https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2023/05/top-3-participacoes-da-suecia-no.html

A apresentação talvez tenha começado um pouco morna para mim em particular, pois Salvador preferiu focar nas músicas do seu último álbum que eu e o público não conhecíamos tão bem. Mas foi só o cantor português adentrar mais à sua setlist que vimos músicas de Geraldo Azevedo, Roberto Carlos e até Amy Whinehouse, passando também pela cantora catalã Silvia Pérez Cruz, além da participação especial do cantor brasileiro Zé Ibarra que cantou dois sucessos com o cantor português (ao estilo voz e violão), sendo um deles "Só um beijo", uma bélissima música que Salvador gravou junto com a esposa Luiza Sobral em 2018.

Outra marca do show, além do multiculturalismo da setlist foi também da banda do próprio Salvador Sobral, que tinha músicos da Ilha da Madeira, uma cantora e flautista da Espanha (que ousou ao transformar poemas de Fernando Pessoa em músicas) e até uma pianista e cantora de Belarus (mesmo país de uma amiga minha, talvez a maior fã do cantor português que eu conheço).

Sobral canta em português, espanhol e até interage com o público em inglês se precisar! Quer reunião maior de culturas do que essa?!

Bom, foram mais de duas horas de show que começou um pouco depois das 21 horas e que passaram rapidamente, com o cantor português tendo escolhido uma apresentação com mais músicas em detrimento de um show menor, o que como ele mesmo explicou o abdicou de poder tirar fotos e fazer autógrafos com o público (talvez na apresentação de hoje ele tenha tido tempo de fazê-lo).

Após brincadeiras divertidas com o público, tendo até mesmo subido em uma das cadeiras do palco (que mostrarei abaixo), Salvador que já estava na parte do Bis do show, brincou que não teria dinheiro para pagar o taxi das pessoas para o metrô, mas pediu para todos respirarem fundo, o que fui descobrir depois que fazia parte do clipe da música "Pedra Quente", um divertido single que haviam pedido algumas vezes e assim ele atendeu fazendo desta a última música dele na apresentação.

Curtiram esse formato de resenha no blog? Eu particularmente adorei! Abaixo deixarei as fotos e vídeos que gravei do show.














sábado, 30 de março de 2024

Poesias famosas nos anos de "Amor ou Luxo"

Caro leitor, para finalizar o mês de março com o segundo post de 2024 do blog "Arte e Multiculturalismo", vamos voltar ao tema de origem desse espaço artístico, ou seja, a literatura. Nesses quase quatro anos de existência desse espaço virtual tive a oportunidade de divulgar textos como poesias, ensaios, crônicas e contos de minha autoria e de diversos escritores tanto nacionais como internacionais, além de promover o lançamento de livros que tive a oportunidade de escrever como o "Mudança de Destino" (ebook) e "Lembranças Inquietas", uma novela policial com pequenas pitadas de terror disponível no Wattpad (link para as duas obras abaixo).

Mudança de Destino em formato ebook (disponível na Amazon) - 2022 - encurtador.com.br/dpU18

Lembranças Inquietas em formato ebook (disponível gratuitamente no Wattpad) - 2023 - https://www.wattpad.com/1310591124-lembran%C3%A7as-inquietas-introdu%C3%A7%C3%A3o

Mas dessa vez, decidi fazer algo diferente e que gosto muito dentro do universo literário chamado "intertextualidade", um recurso que utilizo com certa frequência nas poesias e que me chama muito a atenção quando a observo numa letra de música ou em outra forma literária. Para isso, voltaremos ao período entre o final do século XIX e início do século XX, mas não exatamente para o enredo do livro "Amor ou Luxo" em si (link para compra abaixo) e seus contrastes sociais, dilemas imigratórios e polêmicas de família em um contexto em que elas ajudaram a construir a metrópole São Paulo até os dias atuais e sim para as efervecências literárias vividas naquele período.

Assim, a minha ideia nesse post é selecionar três poesias escritas naquele período que marcou a transição do Parnasianismo para o Pré-modernismo e dessa forma para a primeira geração modernista que traria a sua marca a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. Por isso, selecionei para esse post poesias de Olavo Bilac (Língua Portuguesa), Raimundo Correia (Mal Secreto) e Augusto dos Anjos (Versos Íntimos) com versos que de alguma forma conversam com o enredo e os personagens pertencentes à "Amor ou Luxo", sendo os dois primeiros representantes do Parnasianismo e o último considerado o único poeta do movimento literário conhecido como Pré-modernismo.

Obs: ainda tenho alguns poucos exemplares do livro físico comigo com preço mais convidativo do que das marketplaces com brindes surpresas e a pronta entrega!

Boa leitura!


Olavo Bilac - Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

 
Raimundo Correia - Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


Augusto dos Anjos - Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!




Fonte: Histórico Demográfico do Município de São Paulo

domingo, 4 de fevereiro de 2024

3 artistas italianos para se ouvir em 2024

 Caros leitores e leitoras, antes de irmos para o tema do primeiro post de 2024 no blog 'Arte e Multiculturalismo' gostaria de agradecer profundamente a quem tanto me ajuda na divulgação e no financiamento do meu trabalho literário, na primeira obra física que publiquei na minha vida, chamada 'Amor ou Luxo' (que também tem italianos na história tal como no título deste post), escrita em 2014 e publicada há poucas semanas atrás.

Todo apoio é sempre muito importante e bem-vindo não só pela satisfação e bem-estar como também pela gratidão e incentivo que me possibilitam que eu possa trazer novas obras literárias e conteúdos diversos também aqui no blog.

Abaixo segue o link de compra nas marketplaces para quem se interessar pela obra e quiser incentivar o meu trabalho. Lembrando que quem estiver em SP e região e puder comprar comigo diretamente o valor sai bem mais em conta e a entrega é imediata.

Amazon - https://www.amazon.com.br/Amor-Luxo-Rodrigo-Ribeiro-Lima/dp/855185691X/ref=mp_s_a_1_1?crid=Q8YCI8ALX54Y&keywords=amor+ou+luxo&qid=1705097502&sprefix=amor+ou+luxo%2Caps%2C343&sr=8-1

Americanas - https://www.americanas.com.br/produto/7476198542/amor-ou-luxo

Submarino - https://www.submarino.com.br/produto/7476198542/amor-ou-luxo

Autografia - https://www.autografia.com.br/produto/amor-ou-luxo/


Sem mais delongas, vamos ao tema do post '3 artistas italianos para se conhecer', aproveitando que nessa semana teremos a realização do aclamado Festival de Sanremo, em sua 74ª edição, que será realizado entre os dias 6 e 10 de fevereiro, com transmissão da RAI. O evento, considerado o maior e mais tradicional de música italiana, acontece desde 1951 e já contou com a presença de artistas do calibre de Peppino Di Capri, Al Bano, Eros Ramazzotti, Andrea Bocelli, Laura Pausini, dentre outros (mais recentemente revelou o grupo Maneskin). O festival já teve até mesmo a presença de artistas brasileiros como Toquinho e Roberto Carlos, sendo que este último alcançou a proeza de ganhar o festival em 1968 em parceria com o cantor italiano Sergio Endrigo e a composição 'Canzone per te'.

Nesse post, selecionei três artistas que além de serem muito talentosos e versáteis, possuem projeção também em grande parte da Europa, mas que infelizmente chegaram com pouca força no Brasil, apesar dos esforços de rádios como a Antena 1 de São Paulo, por exemplo. Por isso, achei fundamental trazê-los a este espaço literário.

Obs: Vale lembrar que artistas italianos como Giorgia e Eros Ramazzotti que também se consagraram a partir de Sanremo, eu já trouxe aqui neste blog e vou deixar o link abaixo para quem tiver interesse.

https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2022/09/top-3-musicas-que-marcaram-o-inicio-da.html


  • Marco Mengoni
O primeiro artista que selecionei para este post trata-se de um cantor de pop-rock originário da cidade de Ronciglione, na pequena província de Viterbo que atualmente conta com cerca de 60 mil habitantes e que fica a menos de duas horas de trem de Roma.

Marco Mengoni começa a ganhar projeção a partir da versão italiana do programa X Factor, que venceu em 2009 e no mesmo ano terminou na terceira posição no Festival de Sanremo, com apenas 20 anos de idade.

 Mas bastaram apenas quatro anos para que Marco conseguisse vencer o festival com 'L'essenziale', representando a Itália no Eurovision naquele ano para conseguir a sétima colocação na final do concurso musical.

Em 2015, o artista italiano conseguiu ganhar o MTV Europe Music Awards como melhor artista de seu país naquele ano e tendo no ano seguinte lançado o álbum 'Marco Mengoni Live' com uma importante parceria com a cantora inglesa Paloma Faith em 'Ad occhi chiusi (Light in You)'.

E como se não bastasse o sucesso de Mengoni em sua primeira vitória em Sanremo no ano de 2013, dez anos depois ele obteve novamente a vitória com o single 'Due Vite', obtendo um excelente quarto lugar no Eurovision de 2023, realizado em Liverpool e melhorando sua participação anterior no festival de dez anos antes.

Marco Mengoni - Due Vite




  • Nina Zilli
A cantora Maria Chiara Fraschetta, de nome artístico Nina Zilli, nascida em Piacenza, no norte da Itália, conhecida por um glamoroso soul e pop, alliados a forte intensidade emocional da música italiana, embora também tenha notável versatilidade de rítmos em seus trabalhos musicais, também deve ao Festival de Sanremo, mais especificamente de 2012, um importante impulso musical, embora sua carreira musical tenha começado muitos anos antes, em 1997 com a banda The Jerks.

Dois anos antes, Nina já havia participado de Sanremo com a canção 'L'uomo que amava le donne', mas foi em 2012 que se saiu vencedora com 'Per Sempre', tendo batido artistas notáveis do cenário musical italiano Gigi D'Alessio, Emma Marrone e Noemi.

Para representar a Itália no Eurovision, a cantora de soul escolheu a canção 'L'amore è femmina (Out of Love)', cantada em italiano e inglês, obtendo assim a nona posição na final daquele ano.

Uma curiosidade inusitada da cantora italiana, é que duas canções de seu álbum de estreia chamadas '50mila' e 'L'Inferno' fizeram parte da trilha sonora do jogo Pro Evolution Soccer 2011, tendo sido esta a primeira oportunidade que tive de ouvir suas composições, além da própria rádio Antena 1, onde ouvi por diversas vezes na minha adolescência a música 'Baccio D'Addio', lançada em 2010 no álbum 'Sempre Lontano'.

Nina Zilli - Per Sempre



  • Tiziano Ferro 
E para encerrar este 'top 3', não poderia faltar este cantor italiano que está intimamente conectado com o meu livro 'Amor ou Luxo', cujo single 'Hai delle isole negli occhi', considero como sendo praticamente a trilha sonora da trama que escrevi em 2014, época na qual também ouvia por diversas ocasiões esta música por meio da rádio Antena 1 que por ter uma de suas sedes em Roma, frequentemente abastecia sua programação com canções vindas da terra da bota.

Tendo nascido em Latina, cidade a sessenta quilômetros de Roma, Tiziano começou sua carreira musical no início dos anos 2000, cantando em italiano e também em espanhol, com músicas voltadas para o pop, o que gradativamente foi se transformando no gênero italiano tradicional como na música que mencionei acima, por exemplo. 

Além de ter realizado duetos e colaborações notáveis com artistas como Mary J. Blige, Laura Pausini e Kelly Rowland, o artista italiano ganhou diversos prêmios durante os anos 2000, como o Grammy latino e alemão em 2003, o MTV Europe Music Awards em 2004 e tantos outros prêmios internacionais de destaque.

Não bastasse esse currículo de sucesso, Tiziano também teve seu álbum 'L'amore è una cosa semplice' como sendo o mais vendido na Itália em 2012 e que conta com o single 'Hai delle isole negli occhi' tão especial e simbólico para mim. Ele também foi convidado a participar do Festival de Sanremo de 2015, como uma das atrações a serem apresentadas ao público a parte da competição que naquele ano contava com nomes de sucesso como Chiara, Malika Ayane, Annalise, Nina Zilli e até mesmo Lara Fabian (os vencedores daquele ano foram o trio de tenores chamado Il Volo que ficaram em 3º lugar no Eurovision).


Tiziano Ferro - Hai delle isole negli occhi



quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Top 5 - temas de cinema

    Para fechar o ano de 2023 com o último post do blog 'Arte e Multiculturalismo', optei por dedicar este espaço para as clássicas e contemporâneas trilhas sonoras de cinema, protagonizadas por diferentes artistas, desde nomes conhecidos internacionalmente no pop e na música clássica como Josh Groban e Andrea Bocelli, respectivamente, até gratas relevações como Lakshmi, artistas como Patrick Swayze e 'conceituados nomes de nicho', como é o caso de Carly Paoli entre os cantores de formação clássica ou a Metropole Orkest, uma importante e renomada orquestra holandesa que tratei no post anterior, cujo link deixarei abaixo:

https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2023/12/versoes-de-orquestra-de-musicas.html  

    A inspiração para este tema veio lá de agosto, mais especificamente do concerto que presenciei na Sala São Paulo em sua série 'matinais', com a Brasil Jazz Sinfônica tendo como tema as composições clássicas do cinema italiano. Nessa playlist não trarei nenhuma dessas canções, mas posso mencioná-las no futuro se desejarem.

    Boa leitura e boas festas!


  • LAKSHMI and Metropole Orkest - No Time To Die

    Nessa primeira escolha, temos um conjunto de uma orquestra que aprendi a virar fã, graças a um memorável concerto da cantora de jazz holandesa Caro Emerald, com uma das franquias mais aclamadas do cinema e uma das minhas preferidas, na performance da revelação também holandesa LAKSHIMI que se autodenomina cantora de 'pop noir'.

    O concerto regido por Jules Buckley e denominado 'Avond van de Filmmuziek' foi realizado neste ano e teve por objetivo trazer ao palco diferentes artistas para que sob os acordes da Metropole Orkest transformassem grandes trilhas do cinema em uma experiência rica e intensa, mergulhada no universo da música de orquestra.

    Vale lembrar que a versão original da música, cujo nome é o mesmo do filme lançado em 2021, é cantada por Billie Eilish, mantendo a característica original das trilhas sonoras da franquia 007 em trazer os 'artistas do momento' para gravarem composições ligadas ao enredo de James Bond. Outra curiosidade interessante é que o palco para esse espetáculo foi a Ziggodome em Amsterdam, a mesma arena em que Simply Red gravou o álbum 'Symphonica In Rosso', lançado em 2018 e que também tratei no post cujo link encontra-se no início deste texto.




  • Por Una Cabeza - Andrea Bocelli

    Para essa próxima escolha, temos um clássico do cinema aliado à um tango icônico protagonizado por um dos maiores tenores da atualidade.

    A música 'Por Una Cabeza', gravada por Andrea Bocelli em seu álbum 'Cinema' (2015) e composta originalmente pelo argentino Carlos Gardel em 1935, se tornou tema do filme 'Perfume de Mulher' (Scent Of A Woman), lançado em 1992 e tendo como protagonista o célebre Al Pacino, em que o mesmo viria a ganhar o Oscar de Melhor Ator no ano seguinte pela perfomance, além de ter vencido o Globo de Ouro como 'melhor filme' e 'melhor roteiro - drama'

    O álbum de Bocelli que conta com participações de Ariana Grande e Nicole Scherzinger, traz grandes trilhas sonoras de cinema como 'West Side Story' (Amor Sublime Amor), 'Evita', 'O Poderoso Chefão' e muitos outros, tendo sido bem recebido pela crítica, conseguindo o décimo lugar na Billboard Top 200 e o primeiro lugar entre os álbuns clássicos em 2016, além de terceiro lugar na Irlanda, quarto na Itália e posições de destaque em Portugal e Austrália.


  • All I Ask For You - Josh Groban & Kelly Clarkson

    Um filme que também se fez presente no álbum cinema de Andrea Bocelli, mas que trarei sob a ótica de dois renomados artistas do pop, é 'O fantasma da Ópera', de 2004, protagonizado por Gerard Butler  e baseado no romance francês 'Le Fantôme de l'Opéra' de Gaston Leroux e que também veio a se tornar um dos musicais mais renomados da história.

    A obra, indicada ao Oscar e Globo de Ouro em diversas categorias, possui diversas canções em seu enredo como 'The Music of The Night', cantada por Bocelli, e 'All I Ask For You', protagonizada pelo dueto no vídeo abaixo por Kelly Clarkson que dispensa apresentações, sendo esta uma das maiores cantoras do pop estadunidense da última década e Josh Groban que embora não tenha o mesmo renome, esteve presente em importantes eventos como o encerramento dos Jogos de Inverno em 2002 - Salt Lake City, o prêmio Nobel da Paz naquele mesmo ano, sendo que os críticos musicais se dividem ao classificá-lo entre tenor ou barítono.

    Enquanto no caso de Kelly Clarkson pude descobrí-la ao final dos anos 2000 nos clipes da MTV e nas rádios pop, em Josh Groban descobri a música 'Brave' em 2013, através da rádio Antena 1. A música foi o grande sucesso do álbum 'All That Echoes', classificado como sendo do gênero 'pop operático' (tema de música clássica estilizada como pop), e que chegou ao primeiro lugar na Billboard 200 naquele mesmo ano.

 

  • She's Like the Wind - Patrick Swayze

    Neste tópico trarei a trilha de um dos filmes mais 'musicais' da história do cinema. 'Dirty Dancing' foi lançado em 1987, com canções icônicas como '(I've Had) The Time of My Life' (que ganhou o Oscar de melhor trilha sonora naquele ano) e 'Hungry Eyes', além de 'She's Like the Wind', protagonizada pelo ator Patrick Swayze para a narrativa.

    A parceria que contou com vocais de Wendy Fraser, foi um grande sucesso de crítica naquele ano, tendo atingido o terceiro lugar na 'Billboard Top 100', o primeiro lugar no Canadá, além de posições de destaque em países como Irlanda e Austrália.

    Vale destacar que a presença de Swayze rendeu diversas nomeações nos prêmios concedidos pelas academias de cinema, tendo participado do marcante 'Ghost' (1990) que venceu os prêmios do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante com Whoopi Goldberg e Melhor Roteiro para Bruce Joel Rubin.



  • Carly Paoli - Never Enough
    A última música escolhida para este post está longe de fazer frente às escolhas anteriores em termos de prestígio, número de visualizações e premiações, tanto por parte da música como da artista em si. A preferência neste caso ocorre pelo meu desejo de prestigiar um lindo álbum lançado há poucas semanas pela excelente cantora britânica Carly Paoli, chamado 'The Movie Collection' e que naturalmente tem tudo a ver com a temática que trato aqui.

    O álbum que conta com grandes sucessos de trilhas sonoras de cinema como 'Pure Imagination' (A Fantástica Fábrica de Chocolate), 'Moon River' (Bonequinha de Luxo), 'La Vie En Rose' (Prêt-à-Porter), 'Wonderful World' (Bom dia Vietnã) e tantos outros, me chamou atenção em especial na música 'Never Enough' em sua excelente perfomance vocal em uma canção que transita entre o pop e o classico. É curioso que ao ouvir essa canção na voz de Paoli logo fui remetido à temática de apresentações da patinação artística. Não me lembro ao certo a primeira vez que ouvi essa música em uma perfomance de algum(a) patinador(a), mas sei que este é um tema musical recorrente nas competições que envolvem este esporte.

    O origem da música remonta ao filme 'O Rei do Show' de 2017, protagonizado por Hugh Jackman, e que venceu no ano seguinte O Globo de Ouro com a canção 'This Is Me' de Keala Settle. 'Never Enough', cantada originalmente por Loren Allred também teve uma participação discreta nas paradas de sucesso tal como 'This Is Me', tendo conseguido como melhor resultado um discreto 39º lugar na Irlanda.

    Importante mencionar que 'Never Enough' é até hoje o maior sucesso de Allred no universo musical em sua jovem tragetória que também inclui uma participação no álbum 'Love' de Michael Bublé com a música 'Help Me Make It Through the Night' e a escolha de Paoli em trazer em seu álbum essa canção, junto à tantos clássicos do cinema mencionados acima, mostram a beleza na letra, nos acordes e na própria voz de Paoli.

    Abaixo o vídeo com 'Never Enough' de Carly Paoli e posteriormente a perfomance da patinadora russa Daria Usacheva no Skate America 2021, tendo como tema a versão original da música cantada por Loren Allred.





sábado, 2 de dezembro de 2023

Versões de orquestra de músicas populares

Neste post, trago para vocês cinco músicas de diferentes artistas e bandas, em língua inglesa e portuguesa, que foram regravadas em versões com a presença de orquestra, seja ela sinfônica ou jazz. Foram escolhas muito difíceis e confesso que imaginei pelo menos umas dez opções, antes de finalizar em cinco delas na dura missão de eliminar algumas antes de ter a versão final do texto.

Já quanto à escolha de trazer este tema ao blog, esta decorre não somente do fato de atualmente eu fazer parte de uma Organização Social (Santa Marcelina Cultura) responsável pela gestão da Orquestra Jovem Tom Jobim, Orquestra do Theatro São Pedro e as demais orquestras e grupos musicais formados pelos alunos do projeto cultural Guri. Naturalmente as minhas conexões com tais corpos artísticos se tornaram cada vez mais estreitas nos últimos meses, ressaltando inclusive os diversos eventos, concertos e apresentações que dialogam com a música popular brasileira (MPB), a qual poderia citar diversos exemplos que foram desenvolvidos neste ano de 2023 e que tive a honra de assistir a alguns deles.

Mas o meu amor e fascínio por essa combinação entre música popular, seja ela MPB, jazz, pop ou outros ritmos e a dinâmica de uma orquestra, começaram há cerca de seis anos atrás, quando descobri por intermédio do meu antigo trabalho na Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo (antiga Secretaria de Cultura), a existência da Brasil Jazz Sinfônica, à época administrada pelo Instituto Pensarte e atualmente pela Fundação Padre Anchieta.

Foram diversas as apresentações que tive a oportunidade de acompanhar seja pessoalmente ou pelo Youtube, em parcerias com artistas consagrados como Paulinho da Viola, Marcos Valle, Stacey Kent, Ivan Lins, Roberta Sá, Lenine e tantos outros. Foi nesse ambiente de parceria entre o poder público e o terceiro setor, em concertos que presenciei na Sala São Paulo que pude compreender e sentir não só a sofisticação que os acordes de orquestra podem trazer para uma música popular (de vários estilos diferentes) como também a riqueza de sons e a criatividade de se elevar ainda mais músicas já consagradas pela crítica e pelos fãs.   


  • Your Mirror (Symphonica in Rosso) - Simply Red

Começamos com uma música que foi lançada em 1992 e reinventada na apresentação que o grupo britânico Simply Red realizou na Ziggo Dome, em Amsterdam no ano de 2017 e que no ano seguinte se transformou no álbum Symphonica in Rosso, composto por vinte músicas de composição da banda e sucessos de Frank Sinatra como 'All or Nothing at All', 'My Way' e 'It Was a Very Good Year'.

Apesar do desempenho discreto nas paradas de sucesso e também considerando que o álbum não trouxe nenhuma nova música da banda, os arranjos de orquestra deram uma nova energia para um dos sucessos mais consagrados na trajetória musical de Simply Red.



  • Take Me Home (Orchestral Disco Version) - Sophie Ellis-Bextor

A cantora britânica Sophie Ellis-Bextor foi uma grata surpresa que apareceu a mim neste ano de 2023, inicialmente como uma recomendação do algoritmo do Youtube, com o maior sucesso de sua carreira, 'Murder On The Dancefloor'. Após ouvir a canção que reunia uma mistura de disco music com pop e música eletrônica, descobri diversas composições muito interessantes, inclusive com regravações de sucessos de outros artistas como 'Our House' do Madness, 'Lady (Hear Me Tonight)' do Modjo e 'Crying At The Discoteque' do Alcazar, cujos acordos certamente lembram um grande sucesso disco chamado 'Spacer' do grupo francês Sheila, B. Devotion, gravado em 1980. 

Aos cantores, instrumentistas e demais aficionados pela música recomendo fortemente 'Music Gets the Best of Me' que trata sobre a importância e o amor de Sophie pela música e o impacto desta na vida dela.

Para este post, escolhi a música 'Take Me Home', cuja versão de orquestra descobri graças a uma entrevista que a cantora britânica concedeu ao programa 'Jeremy Vine' no Channel 5 do Reino Unido, contando um pouco dos bastidores da gravação do clipe que trago a vocês no vídeo abaixo.



  • Busy for Me (com Orquestra Jazz de Leiria) - Aurea

Agora vamos à Portugal para a cidade média portuguesa de Leiria, terra da cantora que mais ouvi no Spotify em 2023 e que tem post sobre ela aqui no blog (https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2023/04/top-3-musicas-de-destaque-do-festival.html), mas também da admirável Orquestra Jazz de Leiria, criada em 2011 pelo músico César Cardoso, e que apesar de jovem, protagonizou parcerias com importantes autores de canções portuguesas, dentre elas a consagrada Aurea.

Também conhecida como 'A voz do soul português', influenciada por artistas como Aretha Franklin, Joss Stone e John Mayer, Aurea é considerada uma das maiores cantoras portuguesas da atualmente, seja por suas diversas indicações à prêmios musicais como os da MTV ou até mesmo o Globo de Ouro, como por suas diversas participações como jurada do The Voice Portugal e tudo isso com 36 anos, tendo lançado seu primeiro disco em 2010 e desde então traz em suas composições desde o soul, blues, jazz até o pop e o rock, sendo uma das cantoras mais versáteis no cenário português.

'Busy for Me' foi gravada em 2010 para o álbum de estreia da cantora e foi o single mais tocado em Portugal naquele ano, tendo chegado à outros países europeus e no Brasil, além de ter feito parte da trilha sonora da novela 'Amor à Vida', também frequentemente aparecia em rádios como a Antena 1 entre as músicas mais pedidas, tendo sido vital nos primeiros passos da minha literatura, como contei neste outro post (https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2023/07/maiores-influencias-do-jazz-na-minha.html).



  • Jade (com Orquestra Ouro Preto) - João Bosco

Não poderia faltar nessa lista, dentre tantas músicas brasileiras que desejava inserir neste post, escolhi uma em especial que ouvi muitas vezes este ano e cuja descoberta me permitiu apreciar um excelente álbum que João Bosco lançou com a Orquestra Ouro Preto ano passado, trazendo seus principais sucessos com arranjos de orquestra. Trazendo sucessos como 'Bala com Bala, 'De Frente Pro Crime', 'O Bêbado e a Equilibrista', 'Papel Machê' e tantos outros.

Vale destacar que a Orquestra Ouro Preto já realizou diversas parcerias consagradas com artistas como Alceu Valença, Milton Nascimento e até mesmo homenageou os The Beatles. Garanto que esta será uma imersão muito valiosa pela grandiosidade da música popular brasileira.



  • Angels (Metropole Orkest) - Robbie Williams
Para encerrar este top de músicas populares em versão de orquestra, não poderia deixar de fora este grupo artístico holandês que descobri graças à cantora de mesma nacionalidade, Caro Emerald, a Metropole Orkest, referência como orquestra de jazz e pop, fundada em 1945 e que lançou músicas e álbuns com consagrados nomes da música como Elvis Costello, Ivan Lins, Trijntje Oosterhuis (cantora holandesa que tem uma ótimo versão de Acaso em parceria com o cantor brasileiro) a própria Caro Emerald, Chaka Khan e muitos outros.

Na parceria entre Metropole Orkest e Ivan Lins, por exemplo, surgiu o álbum 'Ivan Lins & The Metropole Orchestra', de 2009 que foi ganhou o Grammy Latino naquele ano como melhor álbum de MPB.

Para comemorar os 25 anos de carreira em 2022, o cantor britânico Robbie Williams decidiu lançar um álbum com a remasterização de suas principais músicas, chamado XXV. Para esta missão, não poderia ser diferente e Robbie Williams decidiu por regravar tais canções com a Metropole Orkest e foi muito bem recebido pelo mercado europeu, tendo atingido o primeiro lugar nas paradas de sucesso no Reino Unido, Irlanda, Escócia e Holanda, além de ter feito parte do top 15 em países como França, Espanha e Itália.

O primor e a riqueza de sons de uma das maiores orquestras do mundo agora estavam reunidos com um dos principais cantores de pop da Grã-Bretanha e vocês poderão conferir abaixo essa realização na música 'Angels', um marco na carreira de Robbie Williams em 1997.




domingo, 29 de outubro de 2023

A ligação entre Caetano Veloso, Gal Costa e Maiakovski em 'O Amor'

No post de outubro do blog 'Arte e Multiculturalismo' trarei uma ligação por poucos imaginada entre a arte soviética e brasileira, conectadas de maneira atemporal entre o cubismo-futurismo de Vladimir Maiakovski e a música de Gal Costa (que nos deixou há quase um ano), composta por Caetano Veloso e Ney Costa Santos Filho, artistas brasileiros que não só admiravam o cubismo-futurismo soviético, como 'beberam nessa fonte' na arte que consumiam e desenvolviam desde o tropicalismo.

Assim como em um efeito cascata, sabemos que Caetano Veloso, um dos nomes de maior prestígio da música brasileira em cenário nacional e internacional inspira até hoje tantos artistas em suas composições, como é o caso de Salvador Sobral, o maior vencedor da história do Eurovision Song Contest (concurso de artistas e bandas europeus), cuja história no concurso e ligação com Caetano podem ser lidos no post que escrevi ano passado e cujo link deixarei abaixo:

https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2022/03/top-3-musicas-portuguesas-no-eurovision.html

Mas além de inspirar, Caetano foi também inspirado por diversos poetas, especialmente de língua portuguesa, como Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Gregório de Matos e tantos outros. Não obstante do que foi inscrito em língua portuguesa, os artistas tropicalistas também se conectaram com parte do que fora produzido de conteúdo cultural na União Soviética, por afinidades ideológicas e identificações artísticas, no caso específico desse post relacionado ao poeta e dramaturgo soviético Vladimir Maiakovski (1893-1930), também chamado de 'O poeta da revolução'.

É interessante notar a influência dos poetas soviéticos como Boris Pasternak, Anna Akhmatova e do próprio Maiakovski na obra artística de tantos cantores ao redor do mundo. Lara Fabian, por exemplo, institulou seu álbum 'Mademoiselle Zhivago', de 2010, como uma forma de homenagear o consagrado romance de Pasternak, chamado 'Doutor Zhivago' (1957). Também comentei mais sobre esse álbum no espaço do blog, link abaixo: 

https://arteemulticulturalismo.blogspot.com/2021/10/top-5-versoes-russas-de-musicas.html

Especificamente sobre Maiakovski e a ligação do mais importante poeta do futurismo soviético para com a Música Popular Brasileira (MPB), influências dele com o poeta brasileiro Augusto de Campos à parte, é interessante notar a inspiração do poeta soviético com artistas como João Bosco em 'E Então, Que Quereis...?' e com Caetano Veloso/Gal Costa, na música 'O Amor', que foi lançada em 1981 no álbum 'Fantasia' que também conta com sucessos como 'Meu Bem, Meu Mal' e 'Açaí'.

Abaixo a poesia 'O Amor' de Maiakovski (1915) e a tradução e adaptação brasileira por Ney Costa Santos Filho e Caetano Veloso com a performance de Gal Costa em vídeo.


O Amor (Vladimir Maiakovski)

Um dia, quem sabe,

ela, que também gostava de bichos,

apareça

numa alameda do zôo,

sorridente,

tal como agora está

no retrato sobre a mesa.

Ela é tão bela,

que, por certo, hão de ressuscitá-la.

Vosso Trigésimo Século

ultrapassará o exame

de mil nadas,

que dilaceravam o coração.

Então,

de todo amor não terminado

seremos pagos

em inumeráveis noites de estrelas.

Ressuscita-me,

nem que seja só porque te esperava

como um poeta,

repelindo o absurdo quotidiano!

Ressuscita-me,

nem que seja só por isso!

Ressuscita-me!

Quero viver até o fim o que me cabe!

Para que o amor não seja mais escravo

de casamentos,

concupiscência,

salários.

Para que, maldizendo os leitos,

saltando dos coxins,

o amor se vá pelo universo inteiro.

Para que o dia,

que o sofrimento degrada,

não vos seja chorado, mendigado.

E que, ao primeiro apelo:

– Camaradas!

Atenta se volte a terra inteira.

Para viver

livre dos nichos das casas.

Para que doravante

a família seja

o pai,

pelo menos o Universo,

a mãe,

pelo menos a Terra.

 

O Amor (Gal Costa) 



sábado, 30 de setembro de 2023

Poesias que mais me marcaram no início da jornada literária

No post de setembro de 'Arte e Multiculturalismo' remeto não só ao tema de origem do blog lá em maio de 2020, como acima disso, à minha origem literária dos textos de autoria própria, trazendo os autores que eram há quase dez anos atrás as minhas principais influências literárias, seja para os primeiros versos e romances no início de 2013, até a consolidação da 'produção literária' nos meses seguintes, culminando no ano seguinte na elaboração e implementação de um Sarau de autoria própria para quase oitenta estudantes, além da participação em outro Sarau, no qual diversos estudantes puderam recitar seus próprios versos.

Em suma, a minha influência literária naquele período e também destacada no Sarau perpassou por autores portugueses como Bocage, Almeida Garrett, Camões, Camilo Castelo Branco, britânicos como Lord Byron e a poetisa Elizabeth Barrett Browning e principalmente brasileiros como Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, sendo estes dois dos expoentes literários da Segunda Geração do Romantismo brasileiro, também chamado ultraromantismo. 

Para esse post, optei por selecionar três poemas diversos, que fizeram parte do Sarau que elaborei há mais de nove anos atrás, sendo o primeiro deles, do poeta e contista que me acompanhou em grande parte da minha adolescência como 'modelo literário', tendo em 'Minha Musa' os versos que mais admiro em seu livro 'A Lira dos Vinte Anos'.

Na segunda escolha, trago os versos da importante poetisa britância da era Vitoriana, Elizabeth Barrett Browning em 'Amo-te'. Também aproveito para deixar a recomendação de um livro de outra poetisa brilhante do século XIX, mas dessa vez tendo origem estadunidense, Emily Dickinson - Uma Centena de Poemas, obra que apesar de ter sido publicada em 1985, ainda é possível encontrar exemplares pela internet.

Por último, escolhi os versos (da poesia 'Amor em Paz') de um dos maiores compositores e poetas da história contemporânea brasileira, além de jornalista, dramaturgo e até mesmo diplomata. À Vinícius de Moraes devemos canções importantíssimas da música brasileira como 'Eu sei que vou te amar', 'Canto de Iemanjá' e 'Onde Anda Você'.

Ótima leitura e agradeço demais todo feedback e compartilhamento de conteúdo!


Minha Musa – Álvares de Azevedo 

Minha musa é a lembrança
Dos sonhos em que eu vivi,
É de uns lábios a esperança
E a saudade que eu nutri!
É a crença que alentei,
As luas belas que amei
E os olhos por quem morri!

Os meus cantos de saudade
São amores que eu chorei,
São lírios da mocidade
Que murcham porque te amei!
As minhas notas ardentes
São as lágrimas dementes
Que em teu seio derramei!

Do meu outono os desfolhos,
Os astros do teu verão,
A languidez de teus olhos
Inspiram minha canção...
Sou poeta porque és bela,
Tenho em teus olhos, donzela,
A musa do coração!

Se na lira voluptuosa
Entre as fibras que estalei
Um dia atei uma rosa
Cujo aroma respirei...
Foi nas noites de ventura,
Quando em tua formosura
Meus lábios embriaguei!

E se tu queres, donzela,
Sentir minh'alma vibrar,
Solta essa trança tão bela,
Quero nela suspirar!
E dá repousar-me teu seio...
Ouvirás no devaneio
A minha lira cantar!



Amo-te - Elizabeth Barrett Browning

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
sente, alongando os olhos deste mundo,
os fins do ser, a graça entresonhada.

Amo-te a cada dia, hora e segundo
A luz do sol, na noite sossegada
e é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com a dor, das velhas penas
com sorrisos, com lágrimas de prece,
e a fé de minha infancia, ingenua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas,
por toda vida, e assim DEUS o quiser
Ainda mais te amarei depois da morte.



Amor em paz – Vinícius de Moraes

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz