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domingo, 7 de junho de 2020

O êxtase da nostalgia (2016)


Eu nem sonhava te reencontrar

Tão imprevisível desse jeito

É o destino que gosta de atirar

A flecha e o ardor no meu peito

 

Era aquela bailarina russa

Estrela no teatro da vida

Por isso a fremência pulsa

Pela dama tão querida

 

De personagem para a vida real

Na França, a banhista já avisava

Haveria um dia o reencontro ideal

Que eu nem mais acreditava

 

A magia tratou de começar

Estávamos no mesmo vagão

Sem saber o que pensar

Ambos confusos na ocasião

 

Mas tinha espinhos o nosso fitar

Por um passado mal resolvido

Nele veio o sincero prantear

A tristeza havia lhe consumido

 

Da esmeralda gotejavam

O sofrimento pela lembrança

Seus anjos a imaculavam

Do ocorrido quando era criança

 

Era tamanha a pureza de seu coração

Que não conseguia disfarçar

O lamento de uma desilusão

De nossa amizade a acabar

 

Novamente havia chegado a despedida

Saiu e não olhou o desiludido

Aquele em que abriu uma ferida

Que sua presença havia o abatido

 

Em casa seu pranto era o meu

Desespero por deixa-la partir

O aperto no coração ensandeceu

Sua imagem não iria mais sumir

 


A poesia em questão apresenta como interlocutor do eu lírico uma personagem que se inter-relaciona com a banhista de Renoir, tratada no post anterior. A musa que inspirou os versos dessa poesia, pela qual me envolvi há 9 anos atrás, também está presente no livro "O sonhador e a banhista", tratado brevemente na postagem anterior.

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