No inicio era a menina e sua pureza
Minha paixão não pude controlar
Naquela inocência vi tanta beleza
Plano do destino para me apaixonar
Eis que surgiu a perigosa idealização
Na poesia consegui me confortar
Com medo de perder a razão
Mas ela já estava a dominar
Na vestimenta formou-se o véu
Tão límpido quanto sua tez
Ela estava indo para o céu
Enquanto crescia a palidez
Versos e palavras para aconchegar
O poeta que tanto estava a sofrer
Protelou a realidade de tanto amar
E dela sempre podia se esconder
Enquanto no paraíso ela estava
Na Terra meu infinito admirar
Com a ilusão de que ela me amava
Pelo seu doce e intenso observar
Mas um dia a covardia cessou
Consegui a sonhada comunicação
E a musa havia dito que gostou
Desses versos com tanta emoção
Mas ela estava a cair
No chão, frágil e combalida
Nada conseguia sentir
Tinha uma nova vida
Os meus versos a musa via
Era um anjo em nossa dimensão
Na pureza ela não conseguia
Enxergar minha emoção
Sem solução, preferi deixá-la
Na Terra estava vendada
Com um lenço para salvá-la
Aqui parecia tão mudada
Não vi o seu meigo olhar
Apenas o sorriso encantador
Nada ela conseguia enxergar
Sem nunca ter sentido o amor
Fui embora e logo veio à tristeza
Dela a sabedoria ganhou
Toda aquela doce beleza
Sem a magia não encantou
Pelas crianças a musa foi levada
Manterá as asas da pureza?
Ou a nós estará adaptada
Sem idealização e frieza?
Um dia a harmonia voltará
A venda branca irá cair
Porque ela amará
Sua alma poderá fluir
Conquistará sua liberdade
Como mulher vai sentir
A chama com a fidelidade
Seu corpo irá fremir
Quando chegar ela saberá
O passado e sua dimensão
A trajetória também entenderá
Seu voar com minha permissão
Verá o preço que paguei
Para tê-la na leira celestial
Porque escrevi e protelei
Sentirá isso, pois será “normal”
Nenhum comentário:
Postar um comentário